Rio - Parceria criativa, potente e com muitos frutos uniu os jornais O DIA e Meia Hora e o Observatório de Favelas. Foram três encontros que iniciaram na Maré e seguiram para o Vidigal, encerrando no simbólico e criativo Circo Crescer e Viver. Uma circulação em parte significativa da cidade que envolveu mais de 200 pessoas no debate sobre a maioridade penal, transmitidos pela Rede Vida.
Foram várias reflexões e argumentos. Tratou-se de acúmulos desenvolvidos em três territórios de potência, na qual a juventude aprende, realiza e assume protagonismos. A busca constante por uma cidade de direitos não é somente para o futuro. Hoje, o Rio é fruto do protagonismo dessa multidão, que conquistou mais espaço, democracia, convivência. Olhar para a favela como um território de potência é fundamental para aprender como essa gente inventou suas formas de encontro, mobilidade, arte e trabalho, mesmo com baixos investimentos do Estado.
Diminuir a maioridade penal é retirar direitos. Atinge os adolescentes, sobretudo os mais pobres, moradores de favelas e periferias. Uma sociedade que lamentou a perda de 24.882 jovens assassinados por arma de fogo em 2012 (a maioria de negros) não pode impor a responsabilidade da violência à juventude. Os adultos devem ter a dignidade não apenas de decidir (e estão fazendo sem ao menos dialogar), mas de principalmente assumir a responsabilidade pelo que ocorre no país.
O que se passou na Câmara, que reafirmou a fragilidade de nossa democracia, reduzindo a maioridade penal, foi lamentável. Precisamos construir, no lugar da violência, mais convivência, e isso não ocorrerá com punição, vingança e mais prisões. Aumentar os investimentos em jovens, com políticas públicas que permitam o desenvolvimento, é o caminho para o presente e para o futuro. Dizer não à juventude aumenta a violência. Precisamos dizer sim e seguir em frente. Inclusive com mais parcerias potentes como essa.
Eduardo Alves é sociólogo e membro do Obser. de Favelas