Por adriano.araujo

Rio - Não é de agora a crise que circunda os estaleiros banhados pela Baía de Guanabara. Das consequências da crise econômica global aos efeitos da Operação Lava Jato — que limitou investimentos na Petrobras e trincou a credibilidade de série de empresas —, existe um componente mais importante de todos: o ser humano.

Ao menos 12 mil trabalhadores foram demitidos ou colocados em férias coletivas nos maiores estaleiros fluminenses. Só em Niterói, mais de cinco mil operários tiveram seus postos de trabalho encerrados no primeiro semestre. Da terra de Arariboia a Angra, passando por Itaguaí e pelo Caju, a preocupação de centenas de metalúrgicos aumenta diariamente ao compasso do recuo inexplicável das empresas. A contradição é evidente: enquanto há encomendas na carteira das empresas, os estaleiros encolhem e paralisam.

Essa situação ameaça ao menos dois milhões de trabalhadores no Brasil. Palco para estagnação e desemprego em massa, o que é inaceitável. Todo o setor naval do país tem grande dependência das demandas da Petrobras. Com retração de investimentos na cadeia produtiva, o setor vive um declínio histórico após revitalização nos governos Lula e Dilma.

Foi nesse período que o setor teve sua retomada através de fortes investimentos federais, principalmente sob a regra do conteúdo nacional, garantindo a maior parte da produção aqui dentro e gerando dezenas de milhares de empregos, reduzindo, assim, a evasão de divisas no fretamento de navios.

Foram políticas como de valorização da engenharia nacional, de não contingenciamento do Fundo de Marinha Mercante e a proteção ao emprego que deram gás ao setor. É preciso retomar investimentos e garantir a idoneidade das empresas que atuam neste mercado, com fiscalização ativa e impedindo a gestão temerária de algumas delas, de forma que más administrações não fiquem impune, prejudicando na ponta seus trabalhadores.

A indústria naval é importante para o Rio e o Brasil. É estratégica para nossa soberania nacional e desenvolvimento, e por isso deve ser defendida por todos nós. As famílias dos trabalhadores não podem esperar mais.

?Jandira Feghali é líder do PCdoB na Câmara

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