Por bferreira

Rio - Venho acompanhando algumas matérias, sempre no tom da injusta generalização, contra os taxistas do Rio. Há muitos anos mantenho contato direto com esses profissionais, conheço de perto as dificuldades e a ingratidão do volante. O que mais causa perplexidade é observar setores da mídia enaltecendo um serviço irregular como o Uber e se referindo aos taxistas legalizados como se fossem personagens à margem da lei.

Não é de hoje que existe uma campanha, com objetivos misteriosos, que lança a opinião pública contra os taxistas. Agora se apoiam no Uber, um serviço pirata, para recarregar as baterias contra os amarelinhos. Generalizam as críticas e desqualificam os motoristas de táxi para em seguida exaltar o Uber.

O taxista regularizado é obrigado a retirar em cartório quatro certidões de nada-consta criminal (que não são gratuitas), paga todo ano média de quatro taxas de vistoria e imposto de renda, contrata seguro que cubra danos a terceiros, realiza exames psicotécnicos e psicológicos a cada cinco anos e deve trocar de carro a cada seis.

A luta contra o Uber deve seguir pelas vias judiciais, mas o estarrecedor não é a condenação genérica aos táxis legalizados, mas o apoio da mídia à pirataria do Uber. Desculpem-me pelo pensamento antiquado, mas considero desrespeito enxovalhar toda uma categoria que trabalha de sol a sol, enfrentando os perigos e a dureza do asfalto, apenas para exercitar a feroz intenção de destacar uma empresa que pratica oportunismo e irregularidade.

Agora, me diga, onde podemos ver estatísticas e documentos formais que sustentem tantas críticas aos taxistas? Onde podemos comprovar que o Uber presta melhor atendimento? Por que alguns jornalistas descrevem os taxistas como profissionais capengas e elevam o Uber a um serviço perfeito? Quantos testes foram feitos em cada uma das modalidades?

Algo básico no bom jornalismo é ser imparcial para ser justo, é se utilizar de dados concretos e não de fofocas de comadres. Exaltar o Uber em detrimento dos taxistas legais é o mesmo que aconselharmos o público a comprar de contrabandistas, “mais barato do que ir a uma loja credenciada”.

Alexandre Coslei é escritor

Você pode gostar