Por bferreira

Rio - A era digital trouxe inúmeros benefícios à sociedade. Hoje fica difícil imaginar a vida sem smartphones, tablets e computadores. A internet transformou a maneira como nos comunicamos. O ambiente é democrático e dinâmico. Negócios, emprego, lazer, namoro, tudo pode ser viabilizado com um simples apertar de teclas, numa velocidade cada vez mais surpreendente.

O aparato tecnológico eliminou barreiras e deveria ter na interação uma espécie de palavra de ordem. Essas facilidades, no entanto, vieram atreladas a algumas armadilhas. Textos, fotos e vídeos são postados em tempo real. A postura do internauta, contudo, é heterogênea. No afã de ser o primeiro, de sair na frente, há quem não se preocupe em checar a informação, nem todos agem com responsabilidade.

Em muitas situações, ao invés de agregar, as redes sociais isolam os indivíduos. Cada um fica dono de sua própria verdade, perde a capacidade de ouvir o outro, de encarar o contraditório, de aceitar a divergência. O espaço capaz de mobilizar multidões por causas de grande relevância ligadas às áreas política, econômica e ambiental, por exemplo, também estimula boatos, violência, atos de racismo e preconceitos religiosos, entre outras barbaridades.

Aparelhos eletrônicos viraram protagonistas em teatros, em cinemas e shows. O toque das ligações e mensagens recebidas é facilmente identificado. Esse mesmo som ecoa nas salas de aula, nos consultórios médicos, nos encontros de família e reuniões entre amigos, sem nenhum constrangimento.

É preciso encontrar o ponto de equilíbrio entre a realidade e o mundo virtual. Temos que reaprender a valorizar o contato direto, o olho no olho, exercitar a arte da escuta, do acolhimento, perceber expressões faciais e corporais geradas pelo sorriso, pelo choro, pela surpresa, pela emoção. O problema não está nas inovações tecnológicas, mas na forma como são utilizadas.

Mauro Silva é jornalista e vereador em Campos

Você pode gostar