Por felipe.martins

Rio - Há homenagens que saem pela culatra. Por exemplo: dar o nome de Rodrigo de Freitas à Lagoa, uma das mais poluídas do mundo. Em tempo: Rodrigo de Freitas de Carvalho foi um oficial de cavalaria português que serviu no Brasil em 1702, com 18 anos de idade. Casou-se com Petronilha Fagundes, de 35, herdeira de um latifúndio que englobava os atuais bairros de Copacabana, Ipanema, Leblon, Lagoa, Humaitá, Jardim Botânico e Gávea. Que Rodrigo herdou, quando enviuvou. Voltou para Portugal em 1717, onde veio a falecer, podre de rico. Foi provavelmente o maior Golpe do Baú da História do Brasil.

Voltando: os descendentes do ‘homenageado’ deveriam exigir a retirada do nome e entrar com uma ação de perdas e danos. Lá serão disputadas as provas de remo da Olimpíada. Deveria figurar no ‘Livro Guinness dos Recordes’ como a maior latrina do mundo. Nela, dois rios subterrâneos despejam toneladas de cocô. Mas nem sempre foi assim. João Saldanha explicava que a expressão “bola na lagoa” é do tempo em que suas águas encostavam no estádio de futebol do Flamengo, na Gávea. De aterro em aterro, foi encolhendo até chegar ao tamanho atual. Se não tomarem providências, num futuro próximo será reduzida a uma fonte, esta, sim, da saudade.

O naturalista inglês Charles Darwin, criador da Teoria da Evolução das Espécies — que descobriu que o homem vem do macaco (segundo Millôr, alguns ainda estão vindo) — andou por lá durante a sua viagem ao redor do mundo a bordo do Beagle, em 1832. Em visita ao Jardim Botânico, maravilhou-se com a limpidez das águas da Lagoa. Com o que não concordam seus compatriotas da equipe de remo, que fizeram um reconhecimento do local onde vão competir. Temem que a exposição à água contaminada provoque doenças de pele e diarreia. Já estão sendo vacinados e ingerindo vitaminas e óleo de peixe como tratamento preventivo. E os remadores terão chuveiros portáteis para usar assim que saírem da água. Sugiro que cada um ganhe também um rolo de papel higiênico.

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