Rio - Um erro do Enem foi ter se desviado de uma avaliação do Ensino Médio e criado, através desta prova, a seleção ampla para as universidades, com a possibilidade de certificação nesta etapa de estudos para os maiores de 18 anos. Mas, quando comparamos alguns resultados entre escolas brasileiras, temos de fazer algumas análises que esclarecem situações curiosas.
Uma delas é o fato de algumas escolas do Nordeste merecerem destaques, superando escolas das capitais do centro-sul, com mensalidades que chegam aos R$ 3 mil para cobrir as despesas de seu tempo integral e forçar alguns espertos a criar escolas que inscrevem um número pequeníssimo de alunos, aproveitando a possibilidade de multiplicar CNPJs para acobertar estas artimanhas.
Para acabar com estas tramoias, o Ministério da Educação deveria agrupar todos os alunos de uma só escola, quando os CNPJs são diversificados para enganar os leitores da mídia nacional. Trata-se de um fragmento de escola, diversificada, apenas, pelo número de identificação. Um escárnio em relação ao estafante trabalho de instituições sérias.
Uma escola, no entanto, chama a atenção: a Dom Barreto, de Teresina, que se encontra entre as primeiras do país, tendo obtido o primeiro lugar por várias vezes e não logrou melhores classificações por ter sido superada por escolas que “não existem”.
O que ocorre com esta escola, entre várias do Nordeste que, mesmo com mensalidade três vezes menor que algumas do Rio, consegue feitos tão surpreendentes? Desde as classes da Educação Infantil até as últimas séries do Ensino Médio, a Dom Barreto desenvolve atividade pedagógica onde os alunos entram em contato com a complexidade e a interdisciplinaridade.
Com professores bem formados, a maioria com pós-graduação, trabalha durante todos os anos escolares, formando pessoas para um mundo digital, conectado, inter e transdisciplinar, atendendo aos eixos temáticos e às várias linguagens e tecnologias que grupos de disciplinas exigem.
Os resultados surgem e são patentes, porque atendem às exigências de um mundo moderno que requer profissionais com visão mais abrangente e muito além da segmentação cartesiana.
Hamilton Werneck é pedagogo e escritor