Rio - Na teoria do caos, o mundo é movido pelos fenômenos imponderáveis. Na economia e na política, que não são ciências exatas, as previsões de cenários mudam o curso a cada instante. Para os economistas, as projeções são consideradas em três hipóteses: a otimista, a normal e a pessimista. Para os cientistas sociais, as tendências são mais fáceis de projetar, pois os modelos estatísticos costumam se aproximar da realidade, mas também estão fadados a erros, como aconteceu nas pesquisas de intenção de voto nas eleições presidenciais de 2014.
No debate entre Dilma e Aécio, nenhum dos candidatos conseguiu prever o cenário recessivo. Hoje há desemprego de 8,3%, queda do PIB de 2% e falência das contas públicas dos governos. Neste ano, o dólar bate R$ 4. O Banco Central acumula prejuízos em contratos cambiais de R$ 70 bilhões. Mas foi nas análises políticas que todos erraram. Não se esperava que Dilma, em seis meses de governo, batesse recordes de rejeição e atingisse a popularidade de 8% de ótimo e bom em todos os institutos. O quadro político é de profunda crise, após a declaração de Michel Temer de que a presidenta “não vai resistir três anos e meio com esse índice baixo”. A frase do vice-presidente fecha o ciclo de apoio do PMDB — então o maior partido da base aliada do governo.
O PMDB comanda as duas casas do Congresso. Tem mais de 1.025 prefeituras, dominando os grotões do país pelas oligarquias regionais, e parte para ser alternativa de poder nos dois maiores colégios eleitorais do Sudeste. Em São Paulo, Marta Suplicy deve entrar na disputa pela sigla contra o prefeito petista Fernando Haddad, em baixa popularidade, seguindo a trajetória da presidenta Dilma.
No Rio, o cenário político é de incertezas. O PMDB, aqui liderado por Pezão, Picciani e Paes, tende a se manter no poder, visando à sucessão de 2018. A máquina está na mão deles, mas há o imponderável das outras candidaturas. Freixo tem votos cativos em todas as 97 zonas eleitorais da cidade. Crivella, dono do nicho evangélico, começa com 17% de intenção de voto. Se Romário se candidatar ou cacifar apoio a Pedro Paulo, a disputa muda e se acirra. E ainda há a chance de Marina Silva entrar na briga. A conferir...
Wilson Diniz é economista e analista político