Por bferreira
Rio - Até mesmo os magistrados nomeados pelos governos do PT têm sentido o peso da toga e tomado atitudes de independência e de coragem. O poder econômico, que sempre esteve impune em suas imprudências e ligações perigosas, está enquadrado, e os políticos, seja de qual lado estiverem, estão ao alcance da Justiça. Inclusive a crise política poderá até ser resolvida na esfera judicial, considerando o que tem sido publicado sobre irregularidades nas contas de campanhas. É preciso baixar a bola. Mais razão e menos emoção. E mais educação no trato em relação às pessoas envolvidas nesta confusão.
Pelas redes sociais, percebe-se certa intolerância em face de crise nacional entre os que procuram formar a opinião pública no Brasil. Na verdade, a indignação com a situação da economia e da política e o suceder de escândalos têm levado a posturas que beiram a grosseria num público, que pelo nível cultural deveria ter um comportamento mais equilibrado.
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Não se trata de amenizar a gravidade dos fatos, todos relevantes, mas, sim, de pensarmos que o Brasil precisa justamente de união e equilíbrio. E não será com o patrulhamento que vamos chegar a um bom termo.
O governador Pezão e o prefeito Eduardo Paes têm sofrido fortes cobranças pela solidariedade a Dilma. Mas um mínimo de sensibilidade e de responsabilidade aponta para postura de coerência e correção em função das altas responsabilidades de ambos. Afinal, nosso Estado e nossa cidade vivem um momento decisivo com os projetos vinculados à Olimpíada, e o estado ainda arca com a queda brutal na arrecadação. E o governo federal, de certa maneira, tem procurado ajudar. Não faria sentido uma postura demagógica, oportunista, com naturais reflexos no que está sendo feito.
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A presidenta venceu as eleições no Rio, o que dificilmente se repetiria hoje, já que está impopular. É preciso saber separar o julgamento do cidadão, eleitor e contribuinte, do titular de mandatos da responsabilidade de governador e de prefeito. Comete grave engano avaliar o que pode acontecer com o Brasil no próximo ano, com momentos delicados na política como na economia. Entre os atores da vida nacional, na verdade, apenas o Judiciário tem se apresentado com rigor, mas sem paixão, dando um bom exemplo para a sociedade. E alguns políticos independentes e de caráter.
Aristóteles Drummond é jornalista