Por thiago.antunes
Rio - Como pode alguém viver, deitar a cabeça no travesseiro e dormir com essa quantidade de pessoas criticando seu trabalho, te odiando, rindo de você e desejando sua queda? O que sente a presidente vivendo nessas condições e assistindo ao país desmoronar? A resposta é uma questão de tempo.
A situação política e econômica dá sinais de esgotamento, sugerindo insustentabilidade. Convenhamos, o desgaste está enorme. O mercado financeiro pressiona: com a continuidade no cargo, a bolsa cai, o dólar sobe, e o desânimo nos atinge. Os jornais noticiam a quebra de empresas e lojas, vem pressão de tudo que é setor! A conta? Cai no colo da presidente e do PT! Não tem jeito, cadê o Lula para segurar? Brigaram?
Publicidade
Fala-se em golpe do impeachment e vitória da democracia. Verdade incontestável, discurso belo e politicamente correto. Só um porém: funcionar desse modo ideal dentro deste país politicamente incorreto é visitar a situação no nível do absurdo e do contraditório. O ministro Fachin precisa se declarar impedido para relatar o julgamento do impeachment, já que é amigo da presidente, foi indicado por ela, e, claro, está envolvido emocionalmente na questão.
“A presidente deveria sair por golpe, aqui tudo funciona assim!”, dizem dizem alguns. É absurdo dizer isso? Claro. Está é a política do olho por olho. “Está na hora de o PT provar do próprio veneno”, arriscam outros. Os que acreditaram no projeto e perderam a esperança têm sede de vingança. Quem faliu enganado e pedalado nesses anos não tem educação. Pedir compreensão é demais. Os que têm a barriga cheia com o Bolsa Família estão tranquilos: povo sem fome fica manso.
Publicidade
Basta de indignação e controvérsias: como estará vivendo, na intimidade, a Princesa do Planalto? Imaginem Dilma acordando descabelada, sem maquiagem, andando pelos corredores raivosa com tudo que lê nos jornais, na TV e nas redes sociais. Estará louca e alheia a tudo, vivendo à base de medicação e álcool?
Que horas ela acorda? Dorme? Quem será o súdito fiel que a escuta e lhe oferece o ombro amigo? Será que reflete sobre os erros cometidos junto com seu mestre Lula? Na solidão em que se encontra, precisa decidir se suporta a pressão, se espera ou se renuncia! Enquanto isso, lá fora, as jaguatiricas do Cerrado a aguardam ávidas por sangue.
Publicidade
Fernando Scarpa é psicanalista