Por bferreira
Rio - O que chamamos um dia de história da nossa vida não é nada mais nada menos que o resumo dos acontecimentos e decisões tomadas ao longo da existência. Mais ou menos verdadeira a afirmação, certo? Afinal, nem todas as decisões foram escolhas conscientes e certeiras: “Viver não é preciso”, e nem sempre sabemos bem o que estamos fazendo, nem todas as variáveis estão sob nosso controle.
Muitas vivências foram fruto do agenciamento do desejo com o acaso, transformando o inesperado em solução de vida não planejada, porém boa. A vida e seus sinais! Ouvi dizer que quem tem cintura dura não dança, e viver demanda flexibilidade e sensibilidade para ler os acontecimentos e seguir a intuição.
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É verdade até as forças da natureza competem, interferindo no desfecho final. Vale lembrar que, na semana passada, fez cinco anos da tragédia ocorrida em Teresópolis. Quem nela morreu deve ter vivido, minutos antes, a sensação plena de que era o fim do mundo e que tudo estava acabando em água. Foi um fim de mundo regional, nós, os vivos, é que sabemos. Somos os que ficaram para contar a história, os que assistem à humanidade se acabar aos pedaços, de tragédia em tragédia, em fins de mundo parciais.
A vida, diferentemente do romance, é escrita sem argumento prévio, vai se desenvolvendo por conta das decisões conscientes e de outras nem tanto. Na literatura, o autor segue ideia pré-estabelecida e controla as variáveis. Nesse movimento, tece a trama ao sabor do suspense que deseja criar, levando o leitor às mais diversas emoções. Alguns sinais, embora o autor queira nos enganar, mostram, sugerem e revelam o desfecho: há uma revelação inconsciente, apesar da intenção de esconder algo sem que se dê conta.
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Não para variar, mas, para repetir, pego esse gancho e retorno ao cenário do romance político brasileiro. Voltemos ao ano passado, aos sinais e evidências? A palavra mais usada no discurso econômico foi ‘pedalada’. Não por acaso, mas por sincronicidade, a presidente resolveu emagrecer, escolhendo a bicicleta para chegar ao peso ideal e, sem se dar conta, entregou: estava pedalando não só a bike, mas a economia do país! Convenhamos, foi sincera sem saber, era a pista além das palavras! Aparências? Enganam a quem quer se enganar, basta olhar! Pedalou por Brasília o Brasil!
Fernando Scarpa é psicanalista