Por felipe.martins, felipe.martins
Rio - Partidos sonham com “20 anos de poder”, como revelou o tucano Sérgio Motta quando da eleição de 1994. Mas o Brasil achou que oito anos eram suficientes — lembrando que os últimos quatro foram conquistados de maneira, no mínimo, controversa. Depois veio o PT falar em “20 anos” pela voz do então ministro José Dirceu. O Brasil vai para 16, com vontade de não deixar completar o sonho dos 20.
O erro foi justamente a ambição de sucesso em bases falsas. No primeiro caso, por achar que a eleição seria possível com um candidato que não empolgava o eleitorado e não tinha a confiança da classe política e muito menos da empresarial, pela formação ideológica do mesmo. No caso do PT, a corrupção e a crise na economia trataram de sepultar os sonhos, prorrogados de 12 para 16 anos, num ousado lance de uma campanha eleitoral distorcida. O país pagou pela ausência do pluralismo, com forças que, em boa parte, tiveram uma origem comum.
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Reportando à história republicana, tivemos duas fases de 20 anos sem arrogância e sem corrupção. A Era Vargas, de 1930 a 1945 e depois de 1951 a 1954, com conquistas econômicas e sociais marcantes, assim como a participação no quadro político de grupo da mais alta qualidade, tanto no governo como na oposição.
Vargas, no último mandato, chegou a ter um ministério de “união nacional” malogrado pela impetuosidade e ambição de um furacão de oposição, Carlos Lacerda. Depois tivemos os 20 anos dos militares, em rotatividade, com inegável acervo de obras públicas e avanços na legislação, com a criação do FGTS, do BNH e do sistema financeiro nacional com o Banco Central e a CVM.
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Digno de nota é que, em ambos os casos, não se verificaram casos de corrupção tão gritantes. O que o tempo se encarregou de confirmar, pela situação com que os principais homens de cada período (ambos com anos de autoritarismo) deixaram suas famílias. Não se conhece casos de enriquecimento dos herdeiros. E Getúlio foi ainda alvo de desleal campanha de difamação, inclusive com a leviana referência a “um mar de lama no Palácio do Catete”.
A transformação positiva da vida nacional não se verifica nem pelos movimentos políticos, muito menos militares, mas pelo Judiciário digno. Apesar do flagrante intuito de seu aparelhamento, o peso da toga fala mais alto!
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Aristóteles Drummond é jornalista