Por felipe.martins, felipe.martins
Rio - Da Grécia antiga, passando pelas expressões de fé, namorando com o profano, embelezado pelas fantasias de Paris e pousando nos tempos atuais dos nossos territórios: chegou o Carnaval. O samba, o axé, o funk, a black music e muito mais estilos; a música em geral chega para animar os foliões. Diversidade em todos os sentidos: som, corpos, imagens, danças, atitudes. Nesse grande encontro uma prática precisa ser garantida: o respeito. Nos tempos atuais é um desafio necessário e inegociável, principalmente para que se realize grande e linda festa.
Rio de Janeiro e Recife já figuraram no ‘Guinness Book’ pelas pessoas nas ruas no Carnaval. De diferente formas lotam as metrópoles. Essas pessoas preparam suas vidas, desejam sua chegada e são os sujeitos desse grande momento. A diversidade de cores, fantasias e brincadeiras aparece nos variados blocos, escolas, desfiles. Momento marcante até para quem acompanha o Carnaval pela TV, pelo computador, pelo smartphone, pelas janelas. Seja como for e de onde venha o olhar, o respeito é inegociável.
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As melhores notícias, aquelas que espero para o dia seguinte, são das escolas vencedoras, dos blocos mais bonitos, dos enredos mais criativos, seja em Salvador, Recife, São Paulo, Rio ou em qualquer lugar. As notícias de repressão policial, de proibição dos blocos, de assassinatos, de violências racistas ou de assédios às mulheres precisam zerar. Espero que tais notícias de múltiplas intolerâncias não ocorram ou diminuam muito para que as pessoas, com seus confetes e serpentinas, sejam o destaque dessa linda festa.
Não pode o Estado, também nesse cenário, ser um aparato usado principalmente para garantir as várias formas de lucro e violência acima da vida e da dignidade humana. Deve-se garantir que essa festa seja pública, coletiva, com espaço para a mais ampla diversidade e produza, com muito respeito, alegrias e diversões.
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Há espaço para muito, para a diferença das pessoas, para os gostos variados e para um turbilhão de bordões. E sem essa visão de que o “seu direito acaba quando começa o meu”. O meu direito amplia com o seu e o seu direito fica mais forte com o meu; não há hora para o direito acabar, só deve ampliar. Ótimo Carnaval para geral!

Eduardo Alves é sociólogo e diretor do Observatório de Favelas