Por bferreira
Rio - Certas ocasiões se apresentam tão complexas que parecem não ter jeito. É como o xeque-mate no xadrez. Hoje não estamos vendo luz no fim do túnel para sair do quadro depressivo de uma sociedade que está doente, com medo, insegura e insatisfeita. Estamos em crise há muito tempo. Crise ética, moral, cidadã e financeira. E esta última, infelizmente, é a gota d’água que ‘empurra’ o menos favorecido para o crime, principalmente o jovem pobre, pois sem renda, Saúde e Educação, a sensação é de que não há saída, sem oportunidade ou perspectiva.
Em tempos de novas tecnologias e redes sociais, temos a sensação que nos deram voz. Ledo engano, pois vivemos uma falsa democracia, na qual falamos, gritamos, mas não somos ouvidos. Regredimos no que diz respeito à vida humana e à consciência de coletividade. E dificilmente modificaremos esse quadro se continuarmos não priorizando a Educação e a formação cidadã.
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Reivindicamos nas ruas, mas muito pouco. Vítimas de um sistema perverso, ainda somos muito permissivos. Num país de mais de 200 milhões de habitantes, cerca de 5% ainda vive em situação de pobreza extrema, com R$ 7,32 por dia, segundo dados do Banco Mundial até 2013.
No final de 2015, estudo da consultoria Tendências revelou que a recessão derrubou boa parte da nova classe média de volta para a base da pirâmide social. Isso significa que os mais de 3,3 milhões de pessoas que haviam subido um degrau entre 2006 e 2012 sofrem o impacto do desemprego e da inflação. Ainda segundo o estudo, de 2015 a 2017, mais 3,1 milhões de famílias devem engordar o grupo. É como dar um passo pra frente e dois pra trás, pois, segundo os especialistas, o movimento que houve em sete anos será anulado em três.
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Todo esse cenário começa a abalar a saúde mental dos brasileiros. Segundo psicólogos,a crise financeira está associada ao medo da incapacidade do sustento básico e à impossibilidade de ter ou manter o mesmo padrão de vida, o que atinge a autoestima devido ao distanciamento social. O desdobramento disso pode ser desde o aumento da ansiedade, passando pelos sintomas depressivos, estresse e uso de álcool ou drogas, até o suicídio.
Enfim, a crise é grave e nociva e pode ter correlação com o crime nas mais variadas formas.
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Marcos Espínola é advogado criminalista