Wilson Diniz: Jornalismo investigativo e o filme ‘Spotlight’
Os meios de comunicação estão em crise, com redes sociais cada vez informando em tempo real o que está acontecendo
Por adriano.araujo, adriano.araujo
RIo - Friedrich Hegel, filósofo alemão, disse certa vez que a oração do homem moderno era a leitura matinal dos jornais. Eu sigo este teorema, pois começo a ler os jornais às 3h. Aos 13 anos, já lia Nelson Rodrigues, João Saldanha, Sandro Moreira e Castelo Branco.
Marshall MacLuhan, sociólogo canadense, criou a expressão “o meio é a mensagem”: cada veículo de comunicação tem suas características próprias, onde o mais importante não é o conteúdo, mas o suporte no qual a mensagem é divulgada. A sua tese foi polêmica, mas não deixa de ser realidade na hora que o leitor escolhe o jornal para ler.
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O caso mais famoso do jornalismo investigativo foi quando dois jornalistas do ‘Washington Post’, Bob Woodward e Carl Bernstein, investigaram durante meses informações de que o presidente Richard Nixon tinha conhecimento das espionagens no comitê do Partido Democrata nas eleições de 1972. Diante das provas, Nixon renunciou e foi anistiado pelo sucessor, Gerald Ford. O caso Watergate é um dos fatos marcantes de uma imprensa livre num país onde as instituições entre os poderes não censuram a mídia.
Está em cartaz a obra polêmica ‘Chatô, o rei do Brasil’ — lançado 20 anos após o início da produção —, mostrando a biografia do maior magnata das comunicações, que fazia parte íntima do poder na época de Getúlio Vargas, mas utilizava seus veículos para chantagear o governo. Chatô tinha o monopólio e usava o jornalismo investigativo para beneficiar o império Tupi para destituir o governo.
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O filme ‘Spotlight’, exibido nos cinemas do Rio, narra o caso de quatro repórteres do ‘ Boston Globe’ que investigam cardeais e padres envolvidos em abusos sexuais contra crianças e adolescentes. O editor do diário é um judeu que pouco aparece em cena, mas mostra como ele conduziu os jornalistas na investigação na busca de fatos e dados inquestionáveis.
Os meios de comunicação estão em crise, com as redes sociais cada vez informando em tempo real o que está acontecendo. Jornais estão deixando de circular. Jornalistas famosos no campo político estão sendo demitidos. Diante da crise dos jornais impressos, o jornalismo investigativo ainda tem seu espaço. ‘Spotlight’ é boa referência.