Por pierre

A onda de assassinatos de policiais nos Estados Unidos despertou uma reflexão em toda a sociedade brasileira (ou pelo menos deveria), especialmente no Rio, onde a violência vem numa crescente, incluindo alto índice de policiais mortos este ano. Na terra do Tio Sam, o presidente Barack Obama e seu antecessor, George W. Bush, prestaram homenagem aos policiais executados, o que despertou comoção na sociedade.

Por aqui, a indiferença vem desde o mais alto escalão, predominando em toda a população, demonstrando que a execução de agentes de segurança caiu em inaceitável naturalidade, o que é preocupante.
Somente em 2016, já foram assassinados mais de 60 policiais militares no Rio. Obviamente, se somarmos as baixas de outros agentes, esse número é ainda maior. Algo incomparável aos episódios americanos, onde oito policiais foram mortos, ou seja, perdemos quase 10 vezes mais policiais, mas é lá que as autoridades se pronunciam e se juntam com a sociedade para demonstrar toda a indignação à agressão sofrida pelos agentes da lei e deixando clara a relevância coletiva aos profissionais que representam a defesa do cidadão. Mais que isso, há notória preocupação com o ser humano, independentemente de sua profissão.

O saudoso Renato Russo, à frente da Legião Urbana, cantarolou que “quando nascemos fomos programados a receber o que vocês nos empurraram com os enlatados dos USA de nove às seis”, numa crítica aos modismos americanos que, de certa forma, sempre nos impuseram. Porém, desta vez, devemos reconhecer o bom exemplo que eles nos dão.

Se nos mobilizamos por conta do aumento de passagens, não podemos ficar de braços cruzados diante da chacina gradativa de policiais. Aliás, não podemos, é claro, ficar inertes diante da violência. Nossos cidadãos não podem se tornar estatística de uma cidade que vive o seu terrorismo peculiar, com números comparáveis aos dos países em guerra.

De alguma forma, o Estado brasileiro permitiu que a sociedade se tornasse indiferente e insensível à importância do papel das instituições de segurança, essencialmente a polícia. Isso é grave porque as novas gerações estão sendo formadas com os valores distorcidos, um equívoco na formação e educação cívica que precisa urgentemente ser reparado.

Marcos Espínola é advogado criminalista

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