Por pierre

As transmissões dos Jogos da Rio 2016 têm sido muito corretas, refletindo a complexidade e o elevado número de detalhes que compõem uma Olimpíada. Muito bom que sejam transmitidos os esportes em tantos canais, pela qualidade do espetáculo, mesmo que o Brasil não esteja na disputa. É uma forma de aumentar o horizonte esportivo do público.

Experimente dar uma passada pelo cross-country, arco e flecha, rúgbi e até hóquei de grama. É um mundo novo de modalidades que se abre, cada uma com suas peculiaridades, às vezes surpreendentes.
Além daquelas que assistimos, com alegria, pela possibilidade de bons resultados, esquecendo o futebol masculino, onde ficamos no zero a zero contra o Iraque. Um país todo arrasado por capricho do presidente americano George W. Bush, onde até os campos de futebol foram destruidos por bombas.

Mas qualquer comentário sobre o assunto tem de começar lá atrás. Na primeira Copa que ganhamos, em 1958, o Brasil tinha um time todo nacional, ninguém jogava fora. Naquela época havia um dirigente chamado Paulo Machado de Carvalho — nome oficial do Pacaembu —, que colocou ordem no pedaço, usando disciplina e bom-senso.

E assim foi crescendo o prestígio do futebol brasileiro, com suas cinco copas, apesar de alguns dirigentes privilegiarem contribuições financeiras pessoais. Em consequência, o bom-senso passou longe. Foi assim que perdemos a oportunidade de ter o “melhor futebol do mundo” globalizado, com transmissão para o exterior, e os jogadores mantidos por aqui.

Não adianta culpar um jogador. Quem sai de uma vida modesta e passa a frequentar as benesses europeias no mais alto grau de dinheiro, conforto e companhias femininas, como Neymar, não vai mais entender o significado de jogar pelo Brasil.

E se o presidente da CBF não pode viajar para não ser preso, muitos dirigentes políticos também têm o pé preso à tornozeleira eletrônica. Até o dia em que esse pessoal todo descubra que é melhor conquistar coisas para o Brasil que sua posição permite e exige, do que fazer um pé de meia ilegal no exterior.
O problema é dos dirigentes. Aguardamos, o mais cedo possível, gente com honestidade e bom-senso dirigindo os destinos do nosso futebol.

Roberto Muylaert é jornalista e editor

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