Por pierre

Depois que o imperador Teodósio aboliu os Jogos Olímpicos, no ano 393, por se tratar de competições dedicadas aos deuses gregos e de exaltação ao corpo, o mundo viveu dominado pela crença de que diversão é pecado. O boicote, no entanto, desprezou a sabedoria de Salomão, de que a melhor coisa que alguém pode fazer é se divertir, algo que também vem de Deus (Eclesiastes 2.24).

Demorou, mas foi do teólogo francês Tomás de Aquino (1225- 1274) a largada para o ressurgimento dos Jogos Olímpicos. Ele afirmou que “o ser humano moderado deseja coisas agradáveis para conservar sua saúde e manter seu corpo em boa forma”. Mais tarde, o monge alemão Martinho Lutero (1483-1546), simpatizante das ideias de Aquino, saltou a distância do mosteiro e entregou a tocha ao Barão de Coubertin, pai dos Jogos modernos.

Lutero não queria medalha de ouro, mas exercitar uma igreja fora de forma, sedentária e obesa. Suas conquistas devolveram não só a saúde ao cristianismo, mas também a liberdade de pensamento e um mundo mais alegre. Esporte, no entanto, não é só diversão. Por isto, o admirável empenho dos brasileiros para receber estrangeiros, não deixar que sofram a tristeza do terror, da violência e da desorganização, obstáculos deste Brasil olímpico.

Durante os Jogos da Grécia Antiga, o apóstolo Paulo escreveu: “Todo atleta que está treinando aguenta exercícios duros porque quer receber uma coroa de folhas de louro, uma coroa que, aliás, não dura muito. Mas nós queremos receber uma coroa que dura para sempre. Por isto corro direto para a linha final” (1Coríntios 9.25,26).

A alegoria é parecida com a mensagem da música-tema dos Jogos Rio 2016: “Fazer acontecer, lutar e conquistar. Mantenho a fé para caminhar, e assim eu vou de alma e coração”. O escritor, no entanto, avisa que a conquista da vida plena depende de esforço divino e humano: “Agradeçamos a Deus que nos dá a vitória por meio de nosso Senhor Jesus Cristo” (1Coríntios 15.57).

E se no esporte e na vida “nem sempre são os corredores mais velozes que ganham as corridas” (Eclesiastes 9.11), a sabedoria de Salomão deve ter influenciado Coubertin, com o célebre lema: “O importante não é vencer, mas competir, e com dignidade”.

Pr. Marcos Schmidt é da Igreja Evangélica Luterana do Brasil

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