Por pierre

Encerrados os Jogos Olímpicos, voltamos à realidade preocupante. Mesmo nesses 20 dias de uma rotina diferente, as ocorrências de crimes não nos deixaram esquecer a crescente violência no Rio. Entretanto, ainda em relação ao período de disputa por medalhas, não podemos deixar de valorizar o povo brasileiro, principalmente o carioca. Mesmo diante das dificuldades econômicas e carências sociais, soubemos acolher os turistas e participar dos Jogos de forma irreverente, merecendo o ouro do carisma e da alegria.

Não podemos esquecer que o povão mesmo não teve acesso à festa por conta dos altos preços dos ingressos. Mas isso, apesar de grave, é tema para outra discussão. O fato é que todos que tiveram a oportunidade lotaram as arenas, ginásios e estádios. Aplaudiram, vaiaram, se emocionaram. Motivaram os atletas brasileiros e estrangeiros. Deram exemplo de torcida, de apoio e reconhecimento.

Claro que as vaias causaram polêmica. Em muitos casos elas funcionaram, contagiando nossos atletas e desconcentrando adversários. Inflamaram as partidas. Momentos bonitos, engraçados e inesquecíveis. Cabe ressaltar que nossa gente não vive a rotina de acompanhar certas modalidades. Portanto, sequer conhecem protocolos.

Para o francês derrotado pelo Thiago Braz no salto com vara, por exemplo, representou uma falta de educação comparada aos gestos nazistas. Certamente um exagero, motivado pela frustração da derrota e reconhecido logo depois com o pedido de desculpas. Sabemos que os brasileiros não vaiaram atletas ou equipes estrangeiras para agredir ou desdenhar. É a forma que aprendemos desde cedo de motivar e ajudar àqueles que estamos torcendo.

E por falar em torcer, os nossos Silvas nos deram motivos de sobra para participarmos tão intensamente. Mesmo com poucos incentivos e investimentos, esses atletas pouco ou quase nada conhecidos nos deram exemplos de superação. E mesmo aqueles que ficaram pelo caminho, não conquistando medalhas, nos sensibilizaram pela entrega e esforço. Demonstraram a essência do nosso povo em não desistir, persistir e continuar sempre em frente, independente das adversidades.

Marcos Espínola é advogado criminalista

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