Por pierre

Assistindo à manifestação do senador Cassio Cunha Lima na sessão na qual se discutiu o afastamento de Dilma, como paraibano fiquei muito envergonhado por tão grande traição ao seu estado. Voltando de visita ao sertão do Cariri, onde se avizinha a grande obra de redenção do povo sertanejo, sempre espoliado pela ‘indústria da seca’, vi, com entusiasmo, que o sonho se torna possível através da transposição do Rio São Francisco, que está a poucos quilômetros da minha querida Cajazeiras, onde o povo vive marcado pelas intempéries causadas pela falta d’água.

O projeto, agora paralisado, está 90% pronto para transformar o sertão em um mar de águas que podem levar o desenvolvimento e a qualidade de vida para o sofrido povo sertanejo. Visitei a Barragem de Boa Vista, com capacidade para 500 milhões de litros da transposição, a Barragem de Caiçaras (280 milhões), a Barragem de Morros (180 milhões) e túneis construídos em rochas milenares, um com 15 quilômetros e outro com 4 km. Vi no local já prontas e habitadas vilas agrícolas com mais de 300 casas ocupadas.

O Açude de Boqueirão, com capacidade para 255 milhões, encontra-se com apenas 7% de seu manancial. Paralisada a obra desde que a Câmara de Eduardo Cunha paralisou o governo eleito, o povo do sertão não terá em janeiro água para beber. De quem é a responsabilidade por essa catástrofe, senador Cunha Lima? Seu falecido e festejado pai, que tanto cantou a vida do sertanejo e deixou uma obra invejável na sua vida pública e intelectual, certamente está arrependido de suas ações deletérias contra o povo da Paraíba.

Finalmente é de justiça que se diga que encontrei um Nordeste com gente de dignidade vivendo não mais das enganosas promessas de políticos de eventualidades. Vi o desenvolvimento de um povo para o qual foram plantadas, pelo governo ora afastado, inúmeras universidades e escolas profissionalizantes. Cajazeiras, a cidade que ensinou a Paraíba a ler, acolhe pungente juventude universitária composta por 15 mil estudantes. Todas as crianças são transportadas para as escolas através de ônibus escolares adquiridos desde o governo chefiado por um homem de poucas letras, mas que reconhece a importância da Educação para o desenvolvimento de uma nação, questão tão cara como ter água para viver.

Siro Darlan é desembargador do TJ e membro da Associação Juízes para a Democracia

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