Rio O Brasil é considerado um dos dez países que mais desperdiçam alimentos em todo o mundo, com cerca de 30% da produção praticamente jogada fora na fase pós-colheita. São 26,3 milhões de toneladas de alimentos que vão para o lixo. Somente no Estado do Rio, 670 mil toneladas de frutas, verduras e legumes são desperdiçadas anualmente entre a produção e os pontos de distribuição. Essa quantia seria mais que suficiente para dizimar a fome dos 5.580 pessoas que vivem em situação vulnerável, em sua maioria, nas ruas do Centro, segundo o último censo realizado pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social.
O desperdício tem como causa principal os padrões de qualidade alimentar que supervalorizam a aparência. Existe uma cultura de que alimento feio deve ser descartado, e frutas amassadas, hortaliças machucadas e legumes danificados são rejeitados sem estar impróprios para o consumo. As compras feitas para encher nossas despensas muitas vezes são maiores do que as bocas que alimentamos, e parte dos produtos comprados vence, estraga e vai para o lixo.
Mas surgem boas inciativas que provam que é possível utilizar alimentos em toda a sua capacidade, de forma criativa e saborosa. No Rio, enquanto mais de dez mil atletas fazem suas refeições, seis toneladas de alimentos deixarão de ter o lixo como destino para serem utilizados em pratos preparados por renomados chefs e alimentarão pessoas em situação de vulnerabilidade social. O Refettorio Gastromotiva, iniciativa trazida para o Brasil pelos chefs Massimo Bottura e David Hertz e pela jornalista Ale Forbes, conta com o apoio de instituições, entre elas a Cargill.
Vale refletir sobre nossa forma de consumo e, até mesmo, desafiar nossa criatividade na hora de cozinhar, transformando a tarefa do dia a dia em prática sustentável e econômica. É tarefa trabalhosa, exige adequação do paladar e, principalmente, informação. Mas, se começarmos hoje, acabaremos com a fome no mundo. Se a quantidade de comida jogada no lixo fosse reduzida em 25%, 800 milhões de pessoas que correm risco de vida por desnutrição seriam salvas. Além disto, conseguiríamos alimentar a crescente população mundial sem abrirmos novas fronteiras agrícolas. Basta que cada um faça a sua parte. Vamos tentar?