Por thiago.antunes

Rio - No Borel, não há quem deixe sem resposta a pergunta sobre onde fica o Miramar. Também, pudera. Este mineiro de Manhuaçu é, há duas décadas, o locutor oficial do sistema de alto-falante da comunidade e chefe da rádio comunitária Grande Tijuca, que tem alcance máximo de 1.500 metros. “Nosso pedido de regularização no Ministério das Comunicações está parado desde 2001”, revela Miramar Pereira Castilho, ‘de cinquenta e poucos anos’, como costuma brincar.

A historia da rádio começou entre os alunos da extinta escola Oga Mittá, de Santa Teresa, quando o professor de uma das disciplinas exortou os alunos a criarem a rádio. Feito o trabalho, ficou a pergunta: por que não levar o projeto adiante?

“Daí a diretora da escola chamou a associação e ofereceu o know-how”, emenda. “Eu fiquei como locutor porque já tinha experiência na boca de ferro, os alto-falantes da rádio comunitária.” A rádio toca todos os tipos de música e tem programas variados.

Rádio está para ser despejada de estúdio

Uma coisa, no entanto, tem incomodado Miramar. A ONG que oferta o espaço físico para a rádio funcionar está de saída e, a partir de agosto, a emissora corre o risco de ficar sem teto. Por enquanto, ele dá seu jeito, puxando uma extensão de sua casa até o imóvel onde funciona a Grande Tijuca. “Este é o maior problema das comunidades. Os projetos que começam, acabam. Nada tem sequência aqui”, diz o locutor do Borel.

Audiência chega a 1.500 ouvintes

Miramar explica as diferenças entre ‘boca de ferro’ e rádio. “Rádio é bate-papo, tem de ter identidade com a comunidade, oferecer lazer, informação, debates. Já a boca de ferro é para avisos urgentes’, conta ele. “Tenho 1.500 ouvintes aqui no Borel.”

Mineira, meu amor

A Mineira inaugura neste sábado exposição com 30 fotos em preto e branco sobre a história da comunidade, com foto de moradores ilustres como Dona Manuela. O evento terá ainda o Bloco da Mocidade Unida da Mineira.

Soldada artista

A soldada Andressa da Cunha, da UPP São Carlos, criou um cartaz para se aproximar das crianças. Lá, como na maioria das UPPs, os moradores ainda desconfiam da polícia devido às décadas de repressão.

O drama de trabalhar em redes provisórias

Os contêineres provisórios, marca das sedes da maioria das UPPs, andam incomodando o comando da polícia pacificadora. O que se percebe, com a demora em transformar o provisório em definitivo, é que o fato aumenta os boatos sobre a temporalidade do projeto.

Nas favelas, há quem dê como certo o fim das UPPs após 2016, quando acontecerá a Olimpíada do Rio. “O fato de ser provisório cria incertezas na comunidade”, revela um fonte próxima da Coordenação das Unidades de Polícia Pacificadora.

Entrevista com Beltrame

Secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame diz que o sucesso das UPPs como política de segurança, depende de uma continuidade que ultrapassa o seu tempo à frente da secretaria. Confira o que ele pensa.

1. O senhor já anunciou que sai em 2014. A UPP acaba?
— É a sociedade quem tem de decidir isso. Por mim ela continua, pois é um projeto que só vai render frutos daqui a 10, 20 anos.

2. Mas o senhor é o fiador das UPPs...
— Veja bem, a UPP não é o secretário de segurança. A minha missão era criar um ambiente para que a cidade acontecesse e isso estamos cumprindo. É preciso que seja como uma corrida de revezamento.

3. Nas comunidades, reclama-se muito que o Estado entrou apenas com as UPPs e deixou ações sociais de lado...
— Deixar as comunidades sem resposta (às suas demandas) é a pior coisa que tem. A segunda onda é que vai dar liga ao projeto, sustentação. Saneamento, habitação, esgoto...

4. O senhor acha que a guerra contra a violência no Rio está ganha?
— A segurança tem que ser vista como algo efêmero. É um jogo, ninguém vai ganhar. É preciso sempre estar vigilante.

O FALLET está sem placas de identificação que foram postas nas ruas pela Light e acabaram arrancadas por bandidos.

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