Mestre Júlio tem 140 alunos na favela, de 4 a 17 anos, treinando o esporte na sede do projeto ‘Fallet Embalando as Crianças’
Por tamyres.matos
Rio - No tatame, todo mundo é igual. A frase, do faixa-preta Julio César Pereira, é levada a sério pela garotada do Fallet que faz jiu-jítsu. Hoje, mestre Júlio tem 140 alunos na favela, de 4 a 17 anos, treinando o esporte na sede do projeto ‘Fallet Embalando as Crianças’, com apoio do Sesi Cidadania.
“Financeiramente não vale a pena, mas gosto de fazer este trabalho”, conta Julio, que desde setembro de 2012 sobe a pequena ladeira que separa a Rua Itapiru, no Rio Comprido, da sede da Amavale, onde o tatame está montado. Sua franquia, a GF Team, tem 70 academias na cidade e outras tantas no exterior — Malásia, Hong Kong, Antilhas, Alemanha, Inglaterra, França e Estados Unidos contam com professores formados por ele.
“Educação e esporte caminham lado a lado. As crianças daqui da comunidade têm muito mais vontade de treinar do que as do asfalto.”
ZACCONE DE NOVO
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A tese de doutorado em Ciência Política do delegado Orlando Zaccone na UFF, ‘Indignos de Vida: a forma jurídica da política de extermínio de inimigos no Rio’, apresenta um dado no mínimo curioso: os picos de mortes por auto de resistência entre 2003 e 2009, na cidade, foram no início dos governos de Rosinha e Sérgio Cabral.
VINÍCIUS NO SALGUEIRO
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Bamba dos sambas, amante da cultura negra, Vinicius de Moraes será homenageado novamente pelo projeto ‘Quintas Poéticas’, da Padaria Caliel, no Salgueiro, no dia 16. Segundo Émerson Menezes, que administra o evento, a festa, desta vez, será focada nas crianças. “A garotada está de férias e o Vinicius fez muitos poemas infantis. Esta é a ideia”, explica.
CAMINHO DO GRAFITE
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O Caminho do Grafite, via a pé que passará por dentro do Morro dos Prazeres, será inteiramente grafitado nos dias 25 e 26. Dezenas de painéis serão pintados por artistas locais, como Márcio SWK e Santa Crew, da entrada lateral da comunidade até o campo do alto. “Vai ficar lindo. Os turistas vão amar”, diz Charles Siqueira, idealizador do projeto.
JÁ SÃO 49 MEDALHAS...
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Para Júlio, a criançada da favela olha o jiu-jítsu como um caminho que pode trilhar diante das dificuldades da vida. Isso explica, em parte, o sucesso que o esporte tem feito nestas áreas carentes do Rio. “Eles são apaixonados pelo esporte. Agarram a chance com unhas e dentes.” Tanto esforço já resultou em 49 medalhas em sete competições disputadas.
DA FAVELA AO MMA
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Diante do esforço de seus 140 alunos, com a ajuda de Cleyton Pires, formado por ele na própria favela, Julio tem levado alguns alunos à profissionalização. Segundo o mestre, sete de seus discípulos na comunidade já estão treinando MMA, esporte que tem crescido vertiginosamente no país. “As crianças de comunidades vão fazer a diferença no futuro. Pode anotar aí.”
NO TATAME, E NÃO DE BOBEIRA NA RUA
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Regina Rainho, coordenadora do projeto, conta que tudo começou em janeiro de 2011, com uma aula voluntária por semana. “O professor foi para Londres e doou o tatame. Aí o Sesi entrou e deu uma ajuda”, conta. Leda Duarte, 34, mãe do faixa-amarela Luiz Felipe, de seis, assina embaixo. “Hoje, o Luiz interage com os amigos e está disciplinado e tranquilo”, conta.
Carolina Marinho, 27, mãe de Miguel, sete, também tieta. “Vejo aqui crianças que tinham tudo para estar num lugar errado.” Para bom entendedor, meia palavra basta. Osss!