Por tamyres.matos
Rio - Twry Pataxó chegou à Maré há tantos anos que nem ela mesma se lembra quando — apenas que foi na década de 1990. Aos 46 anos, ela é uma entre os cerca de 500 índios que, diz Twry, vivem na comunidade. “Se seu avô era índio, você é índio. As pessoas não têm consciência de que são índias”, explica. “Há muito preconceito. Tem gente no meio da rua que me manda voltar pro mato.” Em meio aos animais que cuida na comunidade, encontra espaço para cultivar abacate, siriguela e manga no seu quintal.
Sua meta, no momento, é ajudar a quebrar o preconceito que sente na própria pele divulgando a cultura indígena. Dia 18, sábado que vem, ela dá o primeiro passo abrindo a Feira da Diversidade da Maré, na altura da Passarela 10, com dança indígena, oficina de reciclagem e artesanato. A ideia é unir a favela. “Será um grande evento. Aqui não é esse lugar horrível que mostram na mídia.”
Twry (c)%2C Sheila e Papion apresentam o artesanato que fazem na ONG Mães da MaréFabio Gonçalves / Agência O Dia

VIDIGAL NA CNN

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O Vidigal é a estrela de reportagem da CNN em espanhol sobre aluguel de vagas em casas de moradores da comunidade. A matéria do c orrespondente Franco Barón, exibida dia 7, entrevistou Sara Junger, do Albergue da Comunidade, destaque da 3ª edição do Guia das Comunidades. Barón fala de como os moradores enfrentam a valorização da favela.
FEIRA DA DIVERSIDADE
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A primeira Feira da Diversidade vai reunir mais de 1.500 pessoas para conhecer os povos e as culturas das favelas do entorno, e gera grande expectativa. “Queremos mostrar que a Maré tem cultura”, diz a índia. Para isso, além das apresentações de danças folclóricas, haverá oficinas de artesanato, móveis reaproveitados e horta suspensa, entre outros.
AJUDA ÀS MÃES
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Entre as ações que Twry Pataxó tem desenvolvido no local, está a ONG Mães da Maré, que desde 2008 procura dar independência financeira a 50 mães do complexo. Uma das ações desenvolvidas é o artesanato feito com materiais reciclados. “Usamos de tudo: garrafas PET, tampas, anéis, sementes e palhas. Dá para conseguir dinheiro e sustentar os filhos.”
FESTA PLOC PARA ENCERRAR O EVENTO
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Marcada para acontecer na quadra do Parque Rubens Vaz (Rua João Araújo 117, altura da Passarela 10 da Av. Brasil), a partir das 10h, a feira vai terminar com uma festa Ploc, por volta das 20h. Antes, haverá uma roda de prosa sobre a Maré, oficina do Teatro do Oprimido e palestra sobre consciência ambiental. A entrada é um 1kg de alimento não perecível, que será doado aos desabrigados do Espírito Santo. “Soubemos que a situação dos desabrigados de lá é dramática e resolvemos ajudar. E temos muita cultura para mostrar”, diz.