Por thiago.antunes

Rio - O tabu, enfim, começa a cair. O projeto ‘Rio, Cidade sem Fronteiras’ debate hoje, em sua 11ª edição, o tema ‘A Favela e as Drogas: Descriminalizar Ajuda?”, no Complexo da Maré. O encontro, com entrada franca, às 18h, será na ONG Observatório de Favelas, na Rua Teixeira Ribeiro, embaixo da Passarela 9 da Avenida Brasil. “É significativo o debate acontecer numa comunidade. Da década de 90 para cá a favela também virou um grande mercado consumidor”, diz o ex-comandante da PM do Rio de Janeiro, coronel Mário Sérgio Duarte, que confirmou presença na mesa. “O jornal O DIA está de parabéns.”

O delegado Orlando Zaccone, outro que estará no encontro, acha a discussão fundamental. “O álcool é a droga que mais lesiona a saúde no mundo e mesmo assim temos propaganda na TV em todos os horários. Até a Copa tem o patrocínio de uma cerveja”, critica o policial, diretor da Leap Brasil, entidade de agentes da lei que defende a legalização das drogas. “Embora o tráfico seja a 4ª maior economia do mundo, segundo o FMI, toda a repressão deságua no varejo das favelas.”

Último debate%2C sobre gentrificação na favela%2C aconteceu na FormigaAndré Mourão / Agência O Dia

Conselheiro em dependência química, Sérgio Couto elogiou a iniciativa. Para ele, o projeto ‘Rio, Cidade sem Fronteiras’, do DIA, ajuda a jogar luz sobre as favelas. “A população mais prejudicada pelo comércio, uso e combate ao tráfico vive nas favelas, que jamais devem ser excluídas do debate.”

Médico da Unidade de Tratamento de Alcoolismo do Instituto Philip Pinel, Jomar Braga Filho acredita que o encontro mostrará a quem mora em comunidades que é possível pedir ajuda contra a dependência química. “Não dá mais para empurrar este assunto para debaixo do tapete.”

Já Sebastião Araújo, do Instituto Vida Real, que cuida de crianças e adolescentes em situação de risco no Complexo da Maré, pretende mostrar os efeitos perversos da droga nas favelas, enquanto Eduardo Alves, do Observatório de Favelas, se disse honrado por receber o debate. “Para nós, um debate dessa envergadura, e que articule o conjunto da cidade na favela da Maré, é uma grande possibilidade de romper as fronteiras do Rio.”

Sim à maconha medicinal

O médico Jomar Braga Filho, que atua no Instituto Philippe Pinel, em Botafogo, é favorável ao uso medicinal das substâncias contidas na Cannabis sativa, nome científico da maconha. “Mas é preciso cuidado com drogas que são excelentes medicamentos, mas também drogas potentes. Não existe droga leve. Droga é droga, mas se usada de forma correta, ajuda a medicina”, diz.

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