Rio - A maioria dos jovens de favelas pacificadas sonha cursar uma faculdade, mas apenas 2,4% deles consegue chegar lá. Este é um dos números da pesquisa do Instituto Pereira Passos, da prefeitura, realizada no fim de 2013 com 5.405 jovens, de 14 a 24 anos, no Borel, Formiga, Providência, Vidigal, Cidade de Deus, Pavão/Pavãozinho, São Carlos, Nova Divineia, Prazeres e Tabajaras. Há outros dados interessantes no censo do projeto Agentes da Transformação. Dos 20 a 24 anos, 35,1% não completaram o Ensino Médio, contra 29,5% que conseguiram. Quando a faixa etária desce a 18 e 19 anos, o número de desistências vai a 58,5%.
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A baixa adesão aos cursos profissionalizantes surpreendeu: a maioria (76%) nunca frequentou um deles. Destes, 63,4% alegaram falta de interesse. “Para promover esta juventude, que cresceu refém do tráfico, é preciso conhecê-la”, conta Pedro Veiga, coordenador do IPP (foto). “A cidade precisa se apropriar destes jovens.” Os números foram levantados por 100 entrevistadores, sob a tutela de 10 coordenadores, que escutaram jovens de 14 a 17 anos (34%); 18 e 19 anos (17,8%) e 20 a 24 anos (48,2%). Homens (50,7%) foram a maioria.
PARDOS, A MAIORIA
A questão racial também aparece no censo. A maioria dos jovens ouvidos declarou-se parda (39,2%). A seguir aparecem os brancos, com 28,2%, e os pretos, com 27,9%. Descobriu-se também que 83,2% dos jovens nasceram no Estado do Rio. Entre os que migraram, 12,5% vieram do Nordeste. Pavão/Pavãozinho é a que possui o maior número de migrantes, com 28,3%.
MELHOR QUE OS PAIS
No meio dos números, uma boa notícia. Os jovens já ultrapassaram o nível de escolaridade dos pais e parentes que os criaram. Na comparação entre os que têm o ensino fundamental incompleto, 18% dos atuais jovens não conseguriam terminar o curso, contra 27,3% dos responsáveis. Há mais jovens com o ensino médio completo (25%) do que responsáveis (12,8%).
TAXA DE DESOCUPADOS É ACIMA DA MÉDIA
O desemprego entre os jovens é alto na faixa etária de 18 a 24 anos. Segundo a pesquisa, 14,4% dos economicamente ativos não conseguem emprego. A taxa de desocupação, medida pela porcentagem de desocupados em relação à população economicamente ativa, dispara a 30,5%. De acordo com o Censo 2010, este número estava em 17,5% em toda a cidade, o que causa preocupação. Os chamados nem-nem-nem, que não estudam, não trabalham e não procuram emprego, chegam a 15,1% do total. Entre os de 18 a 24 anos, são 19,8%.
‘SÓ POLÍCIA NO MORRO É TIRO NO PÉ’
FLÁVIO MAZZARO (FAFÁ)
LIDERANÇA DO FALLET
Presidente da Associação de Moradores do Fallet diz que já passou a hora da favela receber a invasão social. Confira o que ele pensa.
1. O que mudou com a Pacificação?
— O visual tenebroso, a circulação de armas, tiroteios, a exposição de drogas. Foi bom para as crianças, que tinham isso como normal.
2. O que deve mudar?
— A entrada de mais instituições do poder público e outras ferramentas do estado para que a protagonista não seja somente a secretaria de segurança.
3. Como é a relação morador/polícia?
— Não é amistosa. Os conflitos são previsíveis, com uma abordagem mal colocada, um morador que não conhece o poder de polícia. Isso faltou neste processo. Poderíamos ter esta orientação nas escolas das favelas.
AGENDA
GRANDE RIO
A peça ‘Hercules’ está em cartaz hoje no Shopping Grande Rio, em São João de Meriti, com entrada franca. O programa começa às 16h com recreação, e o teatro será às 17h.
ROCK NO ALEMÃO
O DJ Daniel Correa e o cantor André Valle, no projeto Estações Culturais, tocam sucessos do pop/rock dos anos 70, 80 e 90 hoje, na Estação Bonsucesso, a partir das 10h.
SANTA MARTA
Começam hoje os passeios guiados pelo Santa Marta, patrocinados pela Coral Tintas. Durante a semana a empresa faz campanha nos principais pontos do Rio e cadastra os turistas que se mostram interessados. Quinze guias locais receberão os visitantes até o dia 30 de julho.
O capitão Rocha, comandante da UPP do Santa Marta, prepara mais um baile de debutantes para moradoras de comunidades. Informações pelo telefone 2334-4099.
EXPOSIÇÃO NO TURANO
O pintor Abelardo Roque expõe seus quadros mais famosos hoje, na laje da Associação de Moradores da favela, na Rua Aureliano Portugal 220, fundos, próximo à UPP.