Por bianca.lobianco

Rio - Às 10h30 desta quarta-feira, foi restabelecida a circulação no ramal Vila Inhomirim, no município de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, informou a SuperVia. No início da manhã, às 6h, a circulação precisou ser interrompida após um caminhão acessar indevidamente a passagem em nível oficial, na linha férrea, próximo à estação Parada Angélica.

Segundo a concessionária, o Grupamento de Polícia Ferroviária foi acionado e não houve registro de vítimas.

Caminhã invade passagem de linha férrea e atinge tremSeverino Silva / Agência O Dia



Trem volta a apresentar problemas mecânicos no Engenho de Dentro

Pelo segundo dia consecutivo um problema com um trem do ramal da Central do Brasil, na estação Engenho de Dentro, na Zona Norte, obrigou passageiros a andar nos trilhos da ferrovia, na manhã desta quarta-feira. Uma composição ficou parada por 15 minutos, cerca de 100 metros após deixar a plataforma. Desta vez não houve depredação. A equipe de O Dia que estava em um dos vagões acompanhou a apreensão e a decepção dos usuários da SuperVia.

O trem que apresentou problemas seguia de Queimados, no ramal de Japeri, em direção a Central do Brasil. De acordo com o porteiro Silas Marcelino, de 41 anos, desde o início da viagem a composição apresentou problemas no trajeto. Ainda segundo ele, os problemas são diários.

Trem volta a ter problemas na Estação Engenho de Dentro e passageiros andam nos trilhosLeitor Fabio Vinicio Gonzaga Trigo

"Ninguém dá uma satisfação, ninguém toma uma providência. Queria agradecer a SuperVia por estar me fazendo chegar atrasado mais uma vez. Não sei mais o que justificar", disse ironicamente Silas. O porteiro seguia para Ipanema, na Zona Sul, onde trabalha. Às 8h45, ele embarcava em outra composição.

A equipe de O DIA embarcou no trem de Queimados às 8h15, na estação de Madureira, para fazer a viagem para a a Central do Brasil, um dia após a depredação de um trem que apresentou problemas na terça-feira. Do modelo antigo com ar condicionado, a composição com todos os vagões lotados chegou a estação do Engenho de Dentro às 8h25.

Após deixar a plataforma, o trem parou em frente ao Museu do Trem. Por 15 minutos, o sistema de ar condicionado e as luzes foram apagados e depois ligados novamente por cinco vezes. Durante toda a paralisação, nenhuma orientação ou informação foi passada pelo condutor do trem através do sistema interno de som.

Após 15 minutos, as portas foram automaticamente abertas. Vários passageiros, a maioria homens, começaram a desembarcar por conta própria. Com a ajuda de outros usuários, outros clientes conseguiram sair. Inicialmente, apenas dois funcionários com coletes da Supervia tentavam tirar as pessoas com apenas duas escadas e orientar que elas não andassem pela via. Centenas delas, porém, voltaram para a estação a pé se arriscando. A circulação de outros trens não foi imediatamente interrompida.

O trem que apresentou problemas seguiu viagem após os passageiros deixarem os trilhos. Eles foram colocados em composições paradoras e semidiretas que seguiam para a Central. Segundo alguns usuários, duas pessoas que estavam no trem empane e chegaram a se desequilibrar e cair. A empresa não informou se houve feridos.

Passageiros relataram ter ficado 20 minutos dentro de trem

Foto: Leitor Fabio Vinicio Gonzaga TrigoO cozinheiro Vanderlei Rodrigues, de 32 anos, que trabalha em Ipanema, na Zona Sul, viveu o drama de andar pelos trilhos pelo segundo dia consecutivo. Ele embarcara em Nilópolis, na Baixada Fluminense, e relatou os motivos que levam milhares de trabalhadores usuários dos trens a chegar atrasado diariamente no trabalho.

Passageiros relataram ter ficado 20 minutos dentro de tremLeitor Fabio Vinicio Gonzaga Trigo

"Tem de tudo um pouco: atraso nos horários, pane, chuva e o lenga-lenga com que os trens andam. E ninguém dá satisfação de nada. Isso aqui é uma vergonha diária", decretou.

De acordo com a SuperVia, a composição usou freio de emergência quando partia da estação Engenho de Dentro. A concessionária informou que os passageiros desembarcaram de forma irregular na via mesmo após serem avisados por meio do sistema de áudio da composição.

A empresa disse que às 8h50 o trem foi restabelecido e seguiu viagem. A circulação nos ramais Japeri, Deodoro e Santa Cruz apresentou intervalos irregulares. A Agetransp abriu boletim de ocorrência para apurar o incidente.

Furto de cabos

Às 19h20 desta terça-feira, o Centro de Controle Operacional da SuperVia registrou mais um furto de 60 metros de cabos de sinalização entre as estações Marechal Hermes e Bento Ribeiro, do ramal Deodoro, na Zona Norte. Equipes técnicas da SuperVia passaram a noite de terça e madrugada desta quarta realizando reparos na rede aérea do sistema ferroviário, para que a circulação não fosse prejudicada.

Somente este ano, já foram furtados mais de nove mil metros de cabos do sistema ferroviário da SuperVia. Segundo a concessionária, tratam-se de ocorrências que impactam na circulação dos trens e que podem gerar atrasos, perda de comunicação entre o CCO e o sistema de sinalização da via férrea, além de causar falhas no sistema de sonorização das estações.

SuperVia acumula mais de R$ 5 milhões em multas

Nada menos que 66 boletins de ocorrência para apurar incidentes envolvendo os trens da SuperVia foram abertos, somente este ano, pela Agetransp — a agência reguladora do serviço de transportes públicos do estado. Desde o início da fiscalização, há 15 anos, quando foi feita a concessão, a agência multou a empresa em cerca de R$ 5,1 milhões, dos quais R$ 281.542,50 apenas este ano.

A SuperVia pagou as multas? A pergunta transformou-se num capítulo à parte nessa longa história de fiscalização, aplicações de sanções pecuniárias e recursos impetrados contra as punições. Dos mais de R$ 5,1 milhões em multas recebidas, a concessionária desembolsou somente R$ 1,9 milhão, de 1998 para cá.

Outros R$ 2,7 milhões, aproximadamente, entraram para a dívida ativa do estado. Ou seja: a concessionária perdeu a briga jurídica e tem que pagar as multas, mas simplesmente não o faz e entra para um cadastro de devedores do governo estadual. E ainda há R$ 534 mil em multas que estão sendo contestadas.

A Agetransp afirma que faz a sua parte, ao determinar providências, fiscalizar e aplicar sanções, e que o princípio do amplo direito de defesa da concessionária tem que ser garantido.

Na verdade, tudo tem prazo bastante dilatado nesse processo de fiscalização e punições. Para se ter uma ideia, dois descarrilamentos ocorridos com trens da SuperVia em agosto de 2012 só foram a ‘julgamento’ na semana passada — um ano depois —, gerando mais multas que agora serão objetos de novos recursos por parte da SuperVia.












Desespero

Morador de Paciência, o pedreiro Júlio Amanso, 51 anos, falou sobre os momentos de desespero no vagão. “Quando chegou no Engenho de Dentro, a composição parou e comunicaram que estavam aguardando a liberação do tráfego. Ficamos 30 minutos sem informação, trancados com janelas e portas fechadas, passando mal de calor. Alguns passageiros se revoltaram e partiram para frente do primeiro vagão. O maquinista saiu correndo, quando as portas foram destravadas. Colocaram uma montanha de jornais no painel do maquinista e queimaram”, disse.

A SuperVia disse, em nota, que manteve os passageiros informados sobre o problema, o que os usuários negam. E responsabiliza supostos ataques pelos problemas. Objetos estariam sendo arremessados contra a rede aérea, o que vem estaria provocando as interrupções. “Demonstram ser quadrilhas organizadas com motivações criminosas ou desconhecidas”, diz a nota.

Panes na SuperVia já viraram rotinas no Rio Alexandre Vieira / Agência O Dia

Falhas frequentes na rede

Na segunda-feira, uma composição que saiu de Central do Brasil para Santa Cruz também sofreu problemas ao chegar em Santíssimo após uma falha na rede aérea, às 7h, fazendo com que os passageiros caminhassem pelos trilhos até a plataforma da estação. O problema afetou os trens que iam em direção a Campo Grande, com passagens entre as estações Central do Brasil e Bangu.

Na semana passada, um problema técnico próximo à Estação de Oswaldo Cruz também foi motivo de confusão, atrasando trens que seguiam de Santa Cruz para a Central, e de Japeri para a Central. As viagens foram interrompidas quando o vagão passava por Engenho de Dentro e Oswaldo Cruz. Passageiros irritados quebraram as janelas dos vagões que saíram de circulação.

Risco no trabalho

Passageiros contaram que passaram momentos desesperadores nos vagões fechados.A doméstica Édila Santos Leite, 45, que estava dentro da composição que foi incendiada, disse que a SuperVia apenas comunicou que teria que retornar depois de permanecer 30 minutos parada aguardando liberação do tráfego.

“Já estávamos há muito tempo fritando dentro do trem, trancados, sem informação, quando disseram que precisariam retornar porque havia gente andando pelos trilhos. Não informaram na hora que era problema técnico. Muita gente estava passando mal, com falta de ar dentro do vagão. Quando retornamos para Quintino, os passageiros mais exaltados colocaram fogo no vagão”, relatou.

Nas ruas, uma multidão ligava para o trabalho, tentando se explicar para evitar a perda do emprego ou ter o dia descontado. É o caso de Isadora Mattos, 47 anos, que acordou às 5h30 para ir de Campo Grande à Central, onde pegaria um ônibus para trabalhar em Ipanema. “É difícil de explicar e de se acreditar. Acordo com céu escuro, sou trabalhora. Se tiver o dia descontado, quem vai pagar as minhas contas?”, gritava, desesperada, após desligar a ligação.

Mais espera para obter documento para justificar atraso

Quem precisou de comprovante para justificar o atraso no emprego penou mais ainda. Por volta do meio-dia, centenas de usuários ainda esperavam pelo documento. “A gente é tratado como gado. Temos problemas até para pegar um mísero comprovante ou o dinheiro de volta”, reclamou o vendedor Luís Felipe Paronço, 30 anos, morador de Marechal Hermes.

A atendente de telemarketing Maria Aguiar, 36 anos, também estava revoltada. “Não estão nem aí para a gente”, desabafou. Em nota, a SuperVia comunicou que às 7h47 desta terça-feira, um trem do Ramal Santa Cruz ficou parado por 14 minutos na Estação de Engenho de Dentro para conserto de ar condicionado, e que precisou permanecer parada por mais um tempo à espera de sinalização, devido ao cruzamento de outro trem, e que permaneceu imóvel durante 17 minutos, quando passageiros desembarcaram impedindo a movimentação do veículo. Alega que teve um dos seus vagões criminosamente incendiado, às 9h13, e que às 11h30 a situação já havia sido normalizada. Alega que está sofrendo tentativas de boicote.

Centenas de pessoas ficaram presas nos trens e foram para trilhosAlexandre Vieira / Agência O Dia


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