Rio - O policiamento segue reforçado nesta quinta-feira no Morro da Quitanda, em Costa Marros, na Zona Norte do Rio, após a morte de Luís Felipe Rangel Bento, de três anos, durante uma troca de tiros entre policiais do 41ºBPM (Irajá) e traficantes da região na manhã de ontem. Moradores protestaram e atearam fogo em ônibus após a ação da PM.
Policiais militares do 41º BPM (Irajá) atuavam na área desde a última semana na tentativa de prender criminosos que estariam roubando veículos de carga e transportando as mercadorias para dentro a comunidade. O corpo da criança permanece no Instituto Médico Legal (IML) nesta manhã. O garoto não tinha registro de nascimento e a mãe realiza os trâmites burocráticos para retirar a certidão de óbito e a carta de sepultamento.
Foi uma cena horrível', lembra mãe
A mãe de Luís Felipe relatou o momento de terror ao ver seu filho ferido na cabeça. Jurema Rangel Bento Paes, de 19, estava deitada ao lado do menino no momento em que acontecia uma troca de tiros entre policiais do 41º BPM (Irajá) e traficantes da região.
"Meu filho estava coberto e de repente só ouvi um disparo. Quando o descobri, vi aquela cena horrível, ele estava praticamente sem a cabeça. O tiro pegou no rosto dele e depois atingiu meu celular", disse Jurema, que tem mais uma filha de um ano.
A mãe lembrou que o pequeno Luís Felipe era uma criança alegre e que ela pretende deixar a região de Costa Barros, onde mora há seis anos. "Ele era uma criança brincalhona e divertida. Agora eu quero me mudar de lá (Costa Barros), não aguento mais a violência daquele lugar", desabafou.
De acordo com informações da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Luís Felipe deu entrada na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Costa Barros por volta das 9h45 já sem vida.
GALERIA: Moradores protestam após morte de criança na Z. Norte
Mais duas pessoas baleadas na comunidade
Logo após a sua morte, cerca de 200 pessoas fizeram um protesto no local, ao mesmo tempo em que a PM realizava uma nova operação na comunidade. Segundo a Rio Ônibus, pelo menos 14 coletivos, todos do Consórcio Internorte, foram apedrejados durante o protesto. Na Avenida Bernardino Rocha, os moradores usaram televisores velhos e ate sucata de um carro para bloquearem a rua. Já na Estrada de Botafogo, o policiamento está reforçado com o carro blindado da PM.
Durante a operação, mais duas pessoas foram baleadas. O motorista Cláudio Renato da Silva, de 30 anos, estava num bar por volta das 11h, quando foi atingido de raspão na costela. Já uma menor de 14 anos levou um tiro na perna. Os dois foram levados para a UPA.
Segundo o comandante do 41º BPM (Iraja), Luis Carlos Leal, os 14 policias envolvidos na ação foram chamados para prestar depoimento na DH da cidade, nesta quinta-feira, e todas as armas utilizadas na ação foram apreendidas para perícia. Policias alegam que não revidaram ação dos suspeitos.
"Desde segunda-feira estamos colocando um blindado na entrada do Morro da Quitando, em Costa Barros para interceptar qualquer movimentação suspeita. Temos recebido muitas denúncias de que criminosos da comunidade estavam praticando roubos de cargas da Via Dutra", disse Leal.
Grupo tenta roubar computador do fotógrafo de O DIA
Um grupo de manifestantes que estava perto da UPA cercou o carro do Jornal O DIA e tentou roubar o computador do repórter fotográfico Alessandro Costa, que estava no local para fazer a cobertura do protesto. Além disso, eles amassaram e arranharam a lataria do automóvel.
Estações de trem e metrô são fechadas
Por conta de uma manifestação em Costa Barros, estações da SuperVia e do Metrô foram fechadas na manhã desta quarta-feira. De acordo com a concessionária de trens, a circulação foi interrompida às 11h no trecho entre as estações Barros Filho e Costa Barros, do ramal Belford Roxo, devido à presença de manifestantes na via férrea. Às 14h, a Estação Costa Barros foi reaberta e a circulação no ramal normalizada.
Os trens que partiam da estação Central do Brasil seguiam até a estação Barros Filho e os de Belford Roxo seguiam até a estação Pavuna/São João de Meriti. O Grupamento de Polícia Ferroviária (GPFer) foi acionado e passageiros eram avisados pelo sistema de áudio dos trens e das estações.
Já no metrô, a Estação Engenheiro Rubens Paiva foi fechada por volta de 11h25 por medidas de segurança. A circulação só funcionava no trecho entre as estações Botafogo e Irajá. A Estação Rubens Paiva foi reaberta por volta de meio-dia.