Rio- Um protesto com cerca de 300 pessoas, contra as demolições na Favela do Metrô, na altura da Mangueira, fechou as duas pistas da Avenida Radial Oeste, causando um nó no trânsito, no início da noite de ontem. Houve confronto entre os manifestantes e PMs do Batalhão de Choque (BPChq), que foi acionado para conter a manifestação e utilizou balas de borracha e gás lacrimogêneo. A confusão se estendeu até o campus da Uerj, invadido por parte dos manifestantes.
Alunos ficaram sitiados dentro da universidade e acabaram vítimas das armas não letais e jatos d’água atirados pela segurança da instituição para tentar evitar que manifestantes invadissem o prédio. Na confusão, instalações da Uerj foram destruídas. Os alunos relataram momentos de pânico.
“Estamos presos dentro do campus, reféns de gás e balas de borracha, além dos jatos d’água. A situação é muito grave. Tem aluno passando mal por causa do cheiro forte”, contou a estudante de Comunicação Social Hara Flaeschen, de 20 anos.
Imagens enviadas por alunos mostraram o acesso ao Pavilhão João Lyra Filho destruído por pedras e bombas. Policiais militares do 4°BPM (São Cristóvão) e do BPChq cercaram a universidade por volta das 20h para tentar evitar nova invasão.
O trânsito chegou a ser liberado por volta das 19h, mas às 20h, os protestos recomeçaram, com manifestantes atirando pedras em carros e ônibus e a Radial Oeste voltou a ser fechada pela PM. Na segunda onda de protesto, moradores da Favela do Metrô queimaram pneus e lixo na Radial Oeste, na altura da Rua São Francisco Xavier, impedindo o fluxo de veículos.
Durante o tumulto no campus, não há relatos de feridos graves, mas várias pessoas sofreram escoriações e ferimentos leves. “Eu vi uma senhora que caiu da escada ao tentar correr, com medo das pedradas. Ela foi socorrida e não estava em estado grave, mas havia mais gente machucada”, contou o estudante de Comunicação Social Guilherme Oliveira, de 22 anos.
Segundo ele, todos os vidros da entrada principal da Uerj foram destruídos a pedradas, além mobiliários como mesas e balcões de atendimento. “Ficamos no tiro cruzado entre manifestantes, polícia e seguranças da Uerj que eram os mais truculentos, por incrível que possa parecer”, criticou o universitário.
Clima tenso desde cedo na vizinhança
Na manhã de ontem, a Secretaria municipal de Ordem Pública demoliu três construções na Favela do Metrô. Os prédios, de três e dois andares, estavam abandonados e condenados por vistorias técnicas realizadas pelo órgão. Segundo o 4º BPM (São Cristóvão), o clima era tenso entre os moradores, polícia e a Guarda Municipal desde cedo. Alguns manifestantes jogaram pedras contra os policiais e em ônibus que circulavam na região.
A manifestação mais violenta, porém, começou por volta de 17h45. Os moradores querem evitar que o prédio onde funciona uma igreja seja demolido. Na quarta-feira, um ferro-velho com problemas estruturais no prédio e que funcionava sem alvará também foi derrubado no local, em outra ação do município contra a desordem na comunidade.
A prefeitura quer remover a Favela do Metrô e prometeu aos comerciantes instalados no local construir um centro automotivo.