Rio - Lixo, entulho, pneus, móveis e até eletrodomésticos jogados nas ruas e calçadas. Esses foram alguns dos materiais descartados de forma irregular flagrados pela blitz do DIA realizada em bairros de Nova Iguaçu durante a semana passada.
No bairro Rodilândia, moradores se queixam da falta de coleta de entulhos. É o caso de Val Filho, morador da Rua São Francisco. Ele despeja o material na calçada em frente a sua casa. “Entrei em contato com a prefeitura e disseram que só vão retirar o entulho quando concluírem as obras de drenagem e pavimentação que estão sendo feitas no bairro”, conta o homem, de 47 anos.
Na esquina das ruas São Francisco e Lafaiete Pimenta, entre os bairros Rodilândia e Comendador Soares, O DIA flagrou tábuas de madeira e um colchão sendo jogados no local por carroceiros. “Uma vez por semana, a prefeitura retira o lixo. Mas no dia seguinte sempre está sujo de novo”, conta Marcos Antônio Barbosa, 35 anos, morador de Rodilândia.

Um terreno baldio na Rua Ministro Lafayete de Andrade, no bairro Marco II, é o destino de guarda-roupas, vasos sanitários e de pelo menos cinco aparelhos de TV encontrados pela reportagem. Na Rua Bernardino de Melo, no Bairro da Luz, montanhas de terra ocupam cerca de dez metros de extensão da calçada e impedem a livre passagem dos pedestres.
A aposentada Ilma Cruz, 58 anos, moradora do bairro, diz que a situação se repete há muito tempo. “Quem faz obra sempre joga entulho aqui, principalmente de noite”, conta ela, revoltada.
O secretário municipal de Urbanismo, Habitação e Meio Ambiente, Giovanni Guidone, admite o problema e diz que somente com fiscalização será possível combater o despejo irregular de lixo e entulho. Mas alega que a missão não é simples. “Fazem isso nos fins de semana ou de noite, fora do horário padrão de fiscalização. É difícil coibir este tipo de ação”.
Guidone diz que a Emlurb recolhe entulho e até móveis de pessoas que queiram se desfazer do material. Para ter o serviço, explica, o interessado deve ligar para 2667-5781. “É claro que a pessoa terá que esperar alguns dias pela coleta”, avisa o secretário.
Campanha de esclarecimento e ecopontos são armas contra sujeira na rua
Para tentar reverter a situação, a prefeitura de Nova Iguaçu aposta na educação, principalmente de crianças e adolescentes e no incentivo à população para evitar que sujem as ruas, córregos e rios. O assunto marcou ontem a 4ª Conferência Municipal de Meio Ambiente, que teve como tema “A Implementação da Política Nacional de Resíduos Sólidos”.
Uma das iniciativas já anunciadas pela prefeitura é a criação de 34 ecopontos e duas unidades de transferência de triagem. O objetivo é incentivar a coleta seletiva.
Para isso, será feita também uma campanha de conscientização pela cidade para que a população colabore e para que carroceiros e catadores levem todo o tipo de lixo a esses locais. “O ecoponto vai receber não só entulho, mas também materiais como papelão, garrafas PET, pneus e lâmpadas”, explica o secretário de Urbanismo, Habitação e Meio Ambiente, Giovanni Guidone.
O secretário revelou também um plano que deve ser posto em ação ainda este mês. Ele explica que, cada vez que a Empresa Municipal de Limpeza Urbana (Emlurb) identificar locais onde seja jogado lixo, o material será retirado e, imediatamente depois, a prefeitura vai plantar árvores no lugar. “Fizemos isso em Mesquita e funcionou”, conta Giovanni Guidone, que já foi secretário do Meio Ambiente na cidade vizinha.
O objetivo da ação, explica ele, é reduzir o número de locais onde há despejo de lixo e entulho. Com isso, espera aumentar o poder de fiscalização do município. “A concentração de microlixões será em menos pontos e nós poderemos fiscalizar melhor”, afirma o secretário.
Situação é mais grave em Miguel Couto
De acordo com informações da Emlurb, o ponto mais crítico da cidade é em Miguel Couto, no limite com Belford Roxo. Moradora do bairro, Valéria da Silva, 44 anos, tem dificuldade para empurrar a cadeira de rodas do filho Thiago, de 10, em meio ao lixo espalhado pela Estrada Miguel Couto. “A prefeitura de Nova Iguaçu diz que o trecho pertence a Belford Roxo e vice-versa e ninguém faz a limpeza”, critica.
O secretário Giovanni Guidone afirma que a relação territorial nos limites de cidades é questão delicada, mas promete que os problemas serão corrigidos. Ele sugere que a solução esteja na integração das cidades da região no Consórcio do Entulho Limpo da Baixada, que já abrange Nova Iguaçu, Duque de Caxias, São João de Meriti, Belford Roxo e Nilópolis.