Por juliana.stefanelli

Rio - Imaginem a cena: o motorista liga a seta e encosta o carro no início da Dutra, em São João de Meriti, pista do meio, e abre o capô, desolado. Carro quebrado? Nada disso, e a desolação na verdade é água na boca. De longe, ele acena para a Casa da Pamonha encomendando o suco amarelo que vai correndo buscar. A situação é real. O pessoal perde a linha e arrisca a multa pelos produtos artesanais que, diariamente, e há 35 anos, nascem a partir das espigas frescas de milho verde.

O suco é o campeão na procura, gelado e cremoso em base de leite. O copo de 300ml custa R$ 5, e o pessoal leva garrafão para encher. As pamonhas são inseridas nas palhas costuradas na máquina, uma por uma, e mantidas quentes no rechaud. O pudim é irresistível e faz companhia ao bolo molhado de milho com coco, o pavê e os merengues de milho com banana ou morango.

São por semana quase 10 mil espigas que entram em máquinas que debulham e retiram a película dos grãos, para formar o curau que é base para receitas cujos segredos não são revelados. Quitutes que mudaram o destino de uma família através das longas estradas da vida. Ex-caminhoneiro e motorista de ônibus, Sirley Gaudard, 78, foi buscar a receita na outra ponta da Dutra, em casa paulista que vendia pamonhas. Montou o negócio em 1978 com a mulher, Juracema.

Hoje, o neto Tiago já está na operação. E Sirley vê netos de antigos clientes encostarem no balcão para um copinho do imperdível sorvete amarelo. A casa abre das 9h às 23h, fecha apenas no dia 25 de dezembro e só aceita dinheiro. Fica no Km 5, e o telefone do milharal é 2651-1588.

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