Rio - Os amantes da boa cerveja, aquela que a gente bebe prestando atenção no gosto, costumam dizer que o caminho não tem volta. Porque o salto de qualidade é grande e elas estão por toda parte, frutos de um momento onde comer e beber bem está na ordem do dia — e o mundo está ao alcance de todos nas prateleiras.
Uns a chamam de ‘artesanal’, outros de ‘especial’, não importa. O fato é que a produção é menor, os ingredientes superiores e a filosofia de fabricação distinta daquela das grandes marcas de consumo de massa e marketing agressivo, geralmente anunciadas com glúteos femininos de biquíni.
Como acontece hoje em todo o Brasil, Nova Iguaçu vem embarcando na onda das cervejas de qualidade, cujo preço maior é compensado porque se bebe menos, e mais devagar. O bom bebedor contemporâneo deixa as ‘Brahmas’ da vida para a praia e o churrasco, e investe em qualidade entre poucos e bons amigos, relaxando em casa ou nos encontros românticos.
Na Deli da Juju (2698-2393), que apresenta carta extensa da bebida, há exemplos como a nacional Colorado Appia, de Ribeirão Preto (R$ 19,90, 600 ml), uma ‘weiss’ (estilo que utiliza malte de trigo além da cevada) com mel na fórmula, refrescante e aromática, com 5,5% de teor alcoólico.
Ou a Dama Indian Lady (R$ 17,90, 600ml), também paulista, de Piracicaba, que milita no estilo IPA, carregada no lúpulo (elemento que confere aromas complexos e amargor à cerveja) e com 6,5% no álcool – contra 4,8% das citadas ‘Antarcticas’ da vida.
O Armazém Iguassú (2669-0532), por sua vez, oferece a ótima Biritis (R$ 23,30, 600ml), criada pelo filho do humorista Mussum, com o rosto do homenageado no rótulo. É uma ‘viena lager’, feita com maltes importados e de cor alaranjada, sabor pronunciado e teor alcoólico de 4,8%.
O Vikings (2669-0007), de cardápio flertando com sabores europeus, tem na carta a fantástica escocesa Brew Dog Punk Ipa (R$ 26,90, 300 ml), de aroma cítrico e frutado e um amargor persistente que desafia bebedores iniciantes. E no Zapp (98004-0028), que pratica a irresistível combinação de cerveja e rock, vale provar a potente La Trappe Tripel (R$ 32, 330ml), feita por monges holandeses, encorpada, com espuma densa e expressivos 8% no teor alcoólico.
Para se ter uma ideia da diferença entre as cervejas comuns e as especiais, basta dizer que o malte de cevada, principal ingrediente da cerveja, torna-se quase secundário nas ‘Skols’ da vida, feitas com cerca de 40% de adjuntos como milho e arroz, e outros cereais não maltados. Perde-se em sabor, em nutrientes e capacidade de conservação, para começo de conversa. E a dor de cabeça, acredite, é maior no dia seguinte.