Por felipe.carvalho

Se Maomé não vai a montanha, a montanha vai até Maomé. É assim que um método educacional tem se mostrado eficaz na formação de trabalhadores afastados da escola. O Projeto Classes Anexas, da Granfino, em Nova Iguaçu, em parceria do Sesi, já formou 100 empregados.

O curso tem regularização do Ministério da Educação (MEC) e vai da alfabetização ao terceiro ano do Ensino Médio. Tudo gratuito e oferecido na própria empresa.

Márcio Duarte, de 42 anos, é um dos alunos do curso. Ele começou na empresa há cinco anos trabalhando como descarregador de farinha e, após frequentar as aulas, foi promovido. “Terminei o Ensino Médio e estudo Teologia. A empresa paga 20%. Agora estou na contabilidade”.

Atualmente, 31 alunos estudam no projeto, entre eles motoristas, auxiliares de produção, auxiliares de limpeza, ajudantes de caminhão, manutenção predial e também prestadores de serviços.

Depois do jantar, os alunos permanecem no empresa para participar das aulas, que são realizadas de segunda a quinta-feira e ministradas por uma equipe formada por nove professores, uma pedagoga e uma psicopedagoga. O projeto já foi desenvolvido em mais de 200 empresas e já formou 3.295 alunos em todo o Estado do Rio.

Com a parceria do Sesi, projeto Classes Anexas já formou mais de 100 funcionários da empresa. Atualmente, 31 alunos frequentam os cursosPedro Monteiro / Agência O Dia

Além da escola do Sesi, a Granfino oferece cursos profissionalizantes, reciclagem profissional e até o Ensino Superior. “Por conta da pouca rotatividade, podemos investir em capacitação. E, consequentemente, os empregados se sentem valorizados”, revela a presidente da empresa, Sílvia Coelho Lantimant.

Ela diz também que, se os empregados quiserem se especializar na área que atuam, a empresa financia integralmente a sua faculdade. “Para aqueles que escolherem cursos que não são ligados à profissão que ocupam, a gente banca 20%”, diz Sílvia.

De acordo com a responsável pelo projeto, Silvania Araújo de Castro, a escola utiliza metodologia flexível e contextualizada no universo de vida e do trabalhador da Gran. “Usamos os rótulos dos produtos para alfabetizar, além de diversificar as aulas com música, poesia e multimídia”, afirma.

Livros ficam à disposição dos funcionários toda sexta

No ano passado, em parceria com a Firjan, a empresa iniciou o projeto Biblioteca Itinerante. Nele, os empregados passaram ter acesso a livros de graça. A midiateca, como é chamada, conta com 137 livros e 80 DVDs. Ela fica disponível às sextas-feiras, quando os funcionários pegam os livros emprestados e devolvem na semana seguinte.

Midiateca conta atualmente com acervo de 137 livros e 80 DVDs Pedro Monteiro / Agência O Dia

O auxiliar de produção José Chaves Marques, de 66 anos, conta que era analfabeto e, por isso, resolveu iniciar os estudos após 50 anos parado. “Não sabia ler e escrever e também não conhecia nada de matemática. Para fazer compras, tinha que levar alguém comigo, porque não sabia fazer contas. Agora, me sinto até mais jovem”, diz.

A empresa inaugurou no fim de setembro o seu novo Centro de Distribuição. O espaço tem por objetivo facilitar os fluxos de produção, estocagem e transporte. O galpão de 2.300 metros quadrados custou R$ 4 milhões. A Granfino, segundo sua direção, transporta, em média, 400 toneladas de alimento por dia.

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