Por marcelle.silva
A vida de Severino sempre foi animada, na base da carne de sol a da galinha à cabidela, especialidades da culinária de seu Rio Grande do Norte. Após o nascimento, sua mãe já ensopava a galinha caipira no próprio caldo com angu, rango de substância que, na tradição, fortalecia as mulheres após o parto.
Criança, acompanhava o pai que matava o boi e salgava a carne, ritual cada vez mais distante das cidades grandes, perdido em recantos do interior brasileiro. “Hoje é cultura, antes era necessidade”, define Severino Gomes da Silva, de 60 anos.
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Ele acabou levando as histórias de sabor ao cardápio de sua Bodega Potiguar. O restaurante de comida nordestina ‘arretada’ nasceu há quase 20 anos na célebre Feira de São Cristóvão, no Rio, antes de se mudar há cinco para o Centro de Belford Roxo, onde serve delicioso almoço típico.

No trajeto, muito trabalho e aventuras, após o início da vida profissional entre grandes vozes da música brasileira, na administração dos shows da Churrascaria Garrafão, em Ramos, que apresentava artistas como Nelson Gonçalves e Cauby Peixoto no inícios dos anos 1970. “Cansei de expulsar o Elymar Santos do palco. Veja como são as coisas”, conta Severino, sobre o músico que, em início de carreira, pedia para subir com seu violão ao palco.

O Potiguar (com letra maiúscula, porque é também seu apelido) ainda ocupou cargo de gerencia na rede de restaurantes Amarelinho antes de partir para o seu próprio negócio. Nele, os pratos individuais custam, em geral, agradáveis R$ 16. Seja a galinha caipira à cabidela, a carne de sol que é curada na casa por dois dias, ou ela que é uma das atrações principais do cardápio: a costelinha suína ao molho madeira com baião de dois, acompanhamento que resume a culinária nordestina. Na sobremesa, fortalecendo o clima familiar da casa, o restaurante serve rapadura de cortesia para o pessoal adoçar a boca e a vida.

O baião de dois é um clássico também da culinária potiguarDivulgação

Entre os pedidos de Severino para 2015, está com certeza a realização do sonho de tirar do papel o projeto do Centro de Cultura Nordestina, que levaria a Belford Roxo uma feira nos moldes da de São Cristóvão, no Rio de Janeiro, guardando as devidas proporções.

Freguês do restaurante, onde bate ponto para devorar a famosa galinha, o prefeito Dennis Dauttmam (PcdoB) foi parceiro de primeira hora do empreendimento, citado como promessa de campanha, mas a ideia se encontra parada. Seria com certeza uma vitória para a Baixada, comemorada com muita comida e forró.

BODEGA POTIGUAR.Avenida Amalia Rocha 16, Centro de Belford Roxo. De segunda-feira a sábado, das 11h às 15h. Aceita todos os cartões de crédito e de débito.