Por marcelle.silva
No dia 18 de agosto de 2013, falamos nesta coluna sobre o Barão de Langsdorf e sua fazenda na subida da serra de Inhomirim chamada de Mandioca. Além de sua casa no Rio, a fazenda Mandioca tornara-se também um centro cultural para a sociedade da capital brasileira e para todos os viajantes importantes que visitaram o Brasil naquela época.
Baile de Julius LeBlanc Stewart nos tempos do ImpérioDivulgação

Em 1819, o oficial prussiano T. von Leithold relatou um baile na fazenda. Chegara ao Rio de Janeiro um navio russo que havia feito uma viagem de dois anos para descobrir novas terras. Com o objetivo de prestar uma homenagem aos seus oficiais, o cônsul geral da Rússia organizou um baile e era um acontecimento raro. O baile foi na fazenda adquirida pelo Langsdorff e teve seu início às 19h.

Além do oficial russo, todos os diplomatas participaram do evento, com exceção do representante espanhol. Alguns portugueses, com suas filhas, também se fizeram presentes, assim como muitos ingleses e franceses. A música foi executada pelos membros da orquestra do teatro, dentre os quais um mulato, primeiro violinista.
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A senhora von Langsdorff iniciou a festa executando com certo receio a primeira peça do concerto no piano de cauda inglês fazendo com que os músicos não conseguissem se afinar de imediato. Mais tarde, outros convidados também tocaram. Após o concerto, as pessoas dançaram, e os inúmeros convidados se dividiram entre o salão, a varanda coberta e os outros cômodos, todos muito bem decorados.
No baile, dançaram homens e mulheres da Rússia, da Prússia, da Áustria, da Inglaterra, da França, da Espanha e da Portugal, como dos do Brasil. As damas apresentavam aos observadores uma cena brilhante do encanto feminino de todas as nações presentes.
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Mas, às 20h, braços, ombros e costas das damas, que trajavam os vestidos decotados da moda, já tinham sido tão picadas por mosquitos que, de tão vermelhas, assemelhavam-se a soldados após apanharem de chicotes. Sobretudo a jovem e atraente filha do cônsul inglês Chamberlain, noiva de um capitão da frota inglesa, fora terrivelmente maltratada pelos mosquitos.
T. von Leithold, que não dançou, contou que manteve-se em constante movimento, saltando como gafanhoto, a fim de afastar os mosquitos das meias de seda. “Não é para menos que os bailes aqui tenham um raro valor. Primeiramente os mosquitos; segundo, o incrível calor do qual tantas pessoas sofreram em espaço limitado. As pessoas se desculpavam com gestos de reverência e cortesia; e, logo a seguir, ainda atormentadas pela dor, seguiam provocando o mesmo infortúnio”, escreveu o oficial prussiano.

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