Por marcelle.silva
O sétimo lugar em 2014 ainda está entalado na garganta. Para superar o resultado negativo e o jejum de quatro anos sem títulos, a Beija-Flor aposta numa velha aliada: a África. Este ano, a escola volta ao tema que sempre defendeu com competência e entusiasmo, para brilhar na Marquês de Sapucaí.
Assinado pela Comissão de Carnaval liderada por Laíla e Fran Sérgio o enredo será ‘Um griô conta a história: um olhar sobre a África e o despontar da Guiné Equatorial. Caminhemos sobre a trilha de nossa felicidade’.
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O continente africano já rendeu dois títulos à escola de Nilópolis, que tem 12. Em 1978, venceu com ‘A criação do mundo na tradição de Nagô’; em 2007, com ‘Áfricas, do berço real à corte brasiliana’. A agremiação será a terceira desfilar na segunda-feira.
Laíla informa que a Beija-Flor vai desfilar com 3.600 componentes e sete carros alegóricos. Segundo ele, três mil fantasias foram dadas a moradores da cidade. As demais foram vendidas no site da agremiação.
Ele explica que continua ‘mordido’ por achar que a colocação do ano passado não foi justa. E informa que está confiante. “Acertamos alguns quesitos, como evolução e harmonia. Temos um grande samba e um belo barracão, mas no Carnaval não existe favoritismo”, diz.


Diretor de Carnaval%2C Laíla ainda contesta sétimo lugar do ano passadoBruno de Lima / Agência O Dia

Já na terceira será retratada a busca dos europeus por especiarias da Índia, que os fez lançar-se ao Atlântico e descobrir a Guiné Equatorial. Os europeus estarão presentes também no setor seguinte, com a colonização portuguesa e, posteriormente, o tratado de Portugal com a Espanha, que passou a dominar o país africano. Também serão contadas nessa parte as investidas da França, da Inglaterra e da Holanda.

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Já o quinto setor é cotado para ser um dos de mais destaque. Nele, será relata a exploração de mão de obra dos africanos em várias partes do mundo, inclusive no Brasil.
A escola levará para a Avenida um carro alegórico representando um navio negreiro. “Ele retratará não só o sofrimento dos negros, mas a importância deles para a formação do nosso país. Não terá só tristeza”, adiantou o carnavalesco Fran Sergio.
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O sexto setor vai ressaltar as riquezas naturais da Guiné Equatorial, como o cacau, os diamantes, a variedade de peixes e, claro, a maior delas: o petróleo. O desfile será encerrado com um enlace entre as culturas do Brasil e da Guiné Equatorial, representando a união dos povos e raças.

Porta-bandeira há 24 anos — 20 na Beija-Flor —, Selminha Sorriso se prepara para brilhar na Sapucaí. São quatro ensaios por semana e atividades físicas, como malhação, pilates e corrida. “Vamos fazer algumas danças africanas referentes ao enredo, mas sem ferir o bailado tradicional”, adianta ela.

Selminha Sorriso treina muito para brilhar de novoErnesto Carriço / Agência O Dia

Otimista, ela diz que a comunidade de Nilópolis pedia um enredo sobre a África e que deu muito certo. “Todos estão cantando e vibrando. Vai contagiar”.

Com fantasia ousada em três tons de azul, Raíssa vai representar as belezas da Ilha Formosa, a principal de Guiné Equatorial. “Tem que ter muito samba no pé, carisma e humildade, porque sou rainha de comunidade”.
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ENREDO CONTA A SAGA DA GUINÉ
Enredo: ‘Um Griô conta a história: um olhar sobre a África e despontar da Guiné Equatorial. Caminhemos sobre a trilha de nossa felicidade’.
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Compositores: J.Velloso, Samir Trindade, Jr Beija-Flor, Marquinhos Beija-Flor, Gilberto Oliveira, Elson Ramires, Dílson Marimba, Ribeirinho, Junior Trindade e Silvio Romai
Intérprete:Neguinho da Beija-Flor
Vem na batida do tambor/ Voltar na memória de um griô/Fala cansada, mãos calejadas / Ouça menino Beija-Flor / Ceiba, árvore da vida / Raízes na verde imensidão / Na crença de tribos antigas / Força incorporada nesse chão / O invasor singrou o mar / Partiu em busca de riquezas / E encontrou nesse lugar / Novas índias, outras realezas / Destino trocado, tratado se faz /Marejam os olhos dos ancestrais.
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Negro canta, negro clama... Liberdade / Sinfonia das marés... Saudade / Um africano rei que não perdeu a fé / Era meu irmão, filho da Guiné
Formosa, divina ilha testemunha dos grilhões / Eu vi a escravidão erguer nações / Mas a negritude se congraça / A chama da igualdade não se apaga / Olha a morena na roda e vem sambar / Na ginga do balelé, cores no ar /Dessa mistura eu faço o Carnaval... Canta Guiné Equatorial / Criança, levanta a cabeça e vai embora / O mar que trouxe a dor riqueza aflora / Tem uma família agora / Quem beija essa flor não chora
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Sou negro na raça, no sangue e na cor / Um guerreiro Beija-Flor /Oh! Minha Deusa Soberana / Resgata sua alma africana