Rio - O nome advém do pertinaz “navegador” em águas fluviais chamado John Charing. Ele não era reinol, mas ganhou o beneplácito da Corte Portuguesa para se instalar no Brasil, no período da pujança do ouro. Chegou no Século 18 e deu início ao transbordo de gente e mercadorias de Xerém ao Porto do Rio de Janeiro. Xerém era um dos caminhos do ouro, pertinho da Freguesia do Pilar, que possuía a Capela de Santa Rita da Posse, construída nas terras do senhor Francisco Gomes Ribeiro por ordem ao seu testamenteiro.
Outra história em Xerém tem início em 1939, quando Getúlio Vargas faz a opção pela industrialização do Brasil, barganhando a construção da base aérea americana em Natal. Em troca, pode comprar um terço do preço, máquinas para produzir os motores radiais Wright R-975. O brigadeiro Antônio Guedes Muniz propôs a construção de uma fábrica de motores aeronáuticos para a aviação militar e para a nascente produção nacional de aviões civis. O primeiro motor de avião ficou pronto em 1946, mas, com o fim da guerra, perdeu sentido essa fabricação.
A instalação da Fábrica Nacional de Motores, em Xerém, ocorreu durante a Segunda Guerra. Eram enormes e modernas instalações, com direito a ar-condicionado central. O sonho do brigadeiro Muniz, em 1942, era transformar “homens simples em operários de uma indústria de precisão”. Muitos vieram de escolas técnicas do Nordeste, especialmente do Piauí. A “Cidade dos Motores” seria autossuficiente com comércio, atendimento médico, lazer e vilas operárias.
Na época, o Brasil tinha carência de boas estradas. Até início da década de 1960, as estradas eram de chão batido, cortando fazendas, grotões, mata-burro, porteiras, pontes de madeira e em épocas de chuvas, atoleiros. O país precisava de caminhões que superassem esses desafios.
Só em 1949 Xerém achou seu rumo: graças a um acordo com a italiana Isotta Fraschini, a FNM foi a primeira empresa a fabricar caminhões no Brasil. No entanto, a melhor tecnologia foi da estatal italiana Alfa Romeo.
E foi com o modelo FNM D-9.500 que a linha de Xerém foi reativada, em 1951, com as máquinas novamente adaptadas. Em 1958, foi lançado o caminhão que se tornaria lendário em nossas estradas: o D-11.000, com seu jeitão bruto e o som inconfundível do motor a diesel de seis cilindros. Foi a época de ouro da FNM, então a maior produtora de caminhões pesados no Brasil, chegando a fazer 350 veículos por mês.
No fim dos anos 1970 depois de muitas vendas passou à Ciferal, hoje da gaúcha Marcopolo que tem o plano de fazer de Xerém o maior centro de produção de ônibus urbanos do mundo.