O bairro Santo Aleixo, em Magé, está em área cercada de verde e banhada por rios e cachoeiras que têm suas nascentes nos vales e montanhas que formam a Serra dos Órgãos. Em razão da água em abundância, foi escolhido no Século 19 para receber importantes indústrias têxteis. As turbinas das indústrias, movidas à água, eram a força motriz de máquinas e caldeiras. A indústria têxtil no Século 18 representou o início da Revolução Industrial na Inglaterra.
No Brasil, segundo Joana L. Figueiredo, a indústria têxtil chega ao Rio de Janeiro na década de 1840 e se instala em Santo Aleixo. Ela teve no Brasil, de acordo com Stanley Stein, três fases distintas. A primeira, de 1840/1892, no seu período de formação, contou com o apoio do Estado e usou capital do próprio país e maquinário importado. No segundo momento, de 1892/1930, apesar das flutuações econômicas, o setor consegue manter alta lucratividade, atraindo investimentos.
No terceiro, de 1930/1950, temos novamente a intervenção do Estado como fator indispensável à sobrevivência da indústria têxtil, tendo sofrido duro golpe com a perda dos mercados externos no pós-guerra. Por muito tempo, o Estado serviu de protetor contra os efeitos da tecnologia e da administração obsoleta.
De acordo com Joana Figueiredo, há um documento sobre a Fábrica Santo Aleixo no Instituto Histórico de Niterói, que dá a data de 1847 como início de sua construção. A fábrica foi exemplo de adaptações feitas por um empreendimento industrial de aproximadamente 133 anos. Sua relevância está no fato de ter acompanhado um processo histórico de muitas transformações estruturais na sociedade brasileira.
As máquinas vinham dos Estados Unidos e, como não havia porto que recebesse o maquinário na orla interior da Baia da Guanabara, era deixadas no Porto do Rio. Eram “14 máquinas de fiar, duas de fiar e tecer, 50 teares, duas de descaroçar algodão, três de limpar, três de enrolar e três de dobrar, quatro de preparar o fio para tecer e duas máquinas de engomar. Isso causou um imenso atraso na obra”, diz Aline Pereira.
O citado documento, do Instituto Histórico de Niterói, informa ainda que os primeiros proprietários da fábrica eram americanos, tendo como primeiro diretor Luis S. Moran, que se associou a Francisco Jones. Trabalhavam na fábrica, no momento de sua inauguração, 116 operários — de ambos os sexos, sendo a maior parte composta por menores, todos livres e de diferentes nacionalidades —, 84 alemães, 16 brasileiros, 12 portugueses, dois franceses, um inglês e um americano. No próximo artigo continuaremos a falar desta importante fábrica para a Baixada e para o país.