Primeiro de janeiro de 2015. Dia que jamais será esquecido pelo aposentado Edo Abreu, 58, e a dona de casa Tânia Abreu, 50, pais de Tayenne Rodrigues Pereira Abreu, de 22 anos, assassinada a 500 metros da casa onde morava em Belford Roxo, na volta da festa de virada de ano em Copacabana. Passados sete meses, a dor do casal não diminuiu, mas, pelo menos, um alento surge como esperança não só para eles, mas como outras tantas famílias da Baixada, que sofrem com a rotina diária da violência.
Dados do Instituto de Segurança Pública (ISP) do Rio de Janeiro, divulgados na semana passada, apontam uma redução de 30% no número de homicídios dolosos (com intenção de matar) — 319 casos a menos. O resultado é a comparação dos seis primeiros meses de 2015, com o mesmo período no ano passado.
Magé foi a cidade que apresentou melhor desempenho, com queda de 54% — 28 mortes nos seis primeiros meses deste ano contra 61 em 2014. A seguir, aparecem Nilópolis, com redução de 50%; São João de Meriti (43%); Duque de Caxias (37%); Belford Roxo (30%); Nova Iguaçu (25%); Guapimirim (23%); Seropédica (12%); Itaguaí (11%) e Mesquita (8%).
Paracambi e Japeri tiveram os piores desempenhos e aumentaram seus números de homicídios. Paracambi saltou de oito mortes para 12 nos seis primeiros meses deste ano, enquanto Japeri pulou de 20 para 23. Queimados manteve o mesmo número de mortes no período: 55.

O delegado titular da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF), Fábio Cardoso, atribuiu à metodologia de trabalho adotada na região a redução dos casos de homicídios. “As equipes estão sempre nas ruas cumprindo mandados de prisão e de busca e apreensão, com operações que têm até helicópteros”, afirmou o policial.
Ele destacou ainda que há mais integração com a Polícia Militar e o Ministério Público. “Além disso, checamos as informações repassadas pela população ao Disque-Denúncia”, disse o delegado.
Ele anunciou que pretende implantar em breve o programa ‘Papo de Responsa’. O projeto é criar um diálogo descontraído, sobre prevenção às drogas, violência e o papel do policial na sociedade, nas escolas públicas.
Polícia prendeu matadores
Os números mostram queda no índice de homicídios, mas o sentimento de insegurança ainda impera na Baixada. É o caso dos pais da jovem Tayenne. “A gente não sai mais de casa. Só quando não tem jeito.Não temos mais alegria”, disse Edo Abreu, que perdeu 15 quilos desde a morte da filha.
Tayenne se formaria em Psicologia no mês que vem. “Ela tinha tantos sonhos. A sensação é de que a violência aumenta a cada dia”, afirma a mãe da menina.
Carlos Henrique, o Lila, Bruno da Silva e Marcio da Rocha, o Mc Bombom foram presos, acusados pela morte da jovem. Eles responderão por latrocínio, podendo pegar 30 anos de prisão.
De acordo com as investigações, Tayenne foi interceptada por eles em um Gol branco ao desembarcar de uma van. Ela teria reagido, quando Lila puxou sua bolsa. Ele a atingiu com um disparo na cabeça.