Por marcelle.bappersi

O coronel Manoel Joaquim Godolphim, responsável pelos horrores de Magé, afirmou: “Eu vim destruir Magé. Essa é a minha missão”. E que quem viesse depois que a reconstruísse. A jornalista Rosinha Matuck recolheu informações no Jornal do Brasil e em outros que confirmam a ruína da cidade. O chefe de redação do Jornal do Brasil noticiou que, após a saída do coronel em 1894, três vereadores, o secretário da Câmara, o depositário público, o delegado de polícia, comerciantes e o ex-comandante da Guarda Nacional foram à cidade verificar os prejuízos e o número de mortes.

Revolta da Armada mostra armas iguais às dos invasoresDivulgação

Francisco Ferreira de Siqueira, juiz e promotor, saiu de Magé e foi para Santo Aleixo. Quebraram janelas, vidraças e portas de sua casa vazia, além de saquear móveis com louça e prataria. Na Coletoria, destruíram os arquivos de cartório com documentos históricos e atearam fogo ao imóvel. Tudo virou cinzas.

Na casa Leitão & Santos, rica em secos e molhados, Godolphim comandou pessoalmente o saque e ordenou que tudo fosse destruído. Sorte da família, que havia se retirado. Na casa de Procópio José dos Reis & Cia, um armazém rico em mercadorias, a destruição foi tanta que a Comissão informou nunca ter visto nada igual em termos de violência.

O delegado era sócio da Procópio José & Cia e a residência dele, assim como as outras, foi roubada. A próspera fábrica de marmelada que havia na cidade também foi destruída e saqueada por ordem do coronel Godolphim.

Vítimas de sanha semelhante foram as casas Cigarreria, de Henrique Bernardo dos Santos, a Farmácia Portela e a Padaria Nova União. Todas foram destruídas. Assim, comerciantes, antes abastados, ficaram reduzidos à miséria, tendo que recomeçar de novo suas vidas.

A casa do ex-comandante da Guarda Nacional também foi ocupada e destruída. O coronel Macieira guardava em sua casa grande quantidade de prata pertencente ao doutor João Galvão da Costa França, presidente à época do Tribunal Civil e Criminal na capital e que, em Magé, tinha sido juiz de Direito por nove anos. Soldados roubaram e esconderam seus bens, posteriormente encontrados.

O humilde sapateiro Ildefonso guarda algumas economias em contos de reis escondidos ao pé de uma talha em sua casa. Ao ver-se cercado e com medo da reação do grupo, ele informou onde estava o dinheiro. Espatifaram a talha e dali por diante quebravam todas que encontravam.

Relato esses fatos para informar ao valoroso povo mageense que a República deve explicações pelas as atrocidades cometidas no seu início, para o bem da memória histórica. Que se faça justiça aos mageenses.


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