Por marcelle.abreu
Tenório em uma das reuniões políticas que participouDivulgação

Natalício Tenório Cavalcanti de Albuquerque nasceu no Estado de Alagoas, no município de Palmeira dos Índios, em 27 de setembro de 1906. Perdeu seu pai assassinado aos 12 anos, o destino o levou à vingança. Chegou ao Rio de Janeir em 1920 e sobreviveu com pequenos empregos. Entre os anos 1936 e 1964, Tenório tornou-se uma das figuras lendárias do cenário político da Baixada Fluminense. Sua imagem entrou no imaginário do povo humilde e simples como um benfeitor e um grande herói, capaz de tudo para defender as grandes massas nordestinas que chegavam dos mais distantes rincões assolados pelas secas naqueles anos de 1930/40.

Tenório foi tema de livros, filmes e ainda desperta entre as diversas camadas sociais, não só da Baixada mas do Brasil, um grande fascínio. Sua vida girava entre a política, o exercício da advocacia e a administração do Jornal ‘A Luta Democrática’, de sua propriedade, que era um periódico popular criado em 1954 com manchetes sensacionalistas. Atuou como advogado em casos criminais controversos, mas isso não foi suficiente para explicar a longevidade de sua fama.

Revistas de História da Biblioteca Nacional fazem menção à sua imagem e destacam os fatos que despertam especial interesse em Tenório: a reunião de tudo isso num único personagem. Não bastasse, envolveu-se em episódios violentos, cultivou a fama de valente e portava armas com frequência, entre elas uma metralhadora chamada de ‘Lurdinha’, que ocultava sob uma capa preta. Recebeu então o apelido de ‘O homem da capa preta’.

Tenório teve uma trajetória de vida diferente da imensa maioria dos migrantes. Sua família era humilde, mas tinha vínculos políticos. Era afilhado de Natalício Camboim, deputado por Alagoas entre 1909/1926. Por sua influência, conheceu o engenheiro Hildebrando de Góes, grande responsável pelas obras de saneamento da Baixada em 1936. Conseguiu então emprego de controlador de ponto nas obras da estrada Rio-São Paulo, hoje Rodovia Presidente Dutra. Depois foi apresentado ao engenheiro Edgard Soares de Pinho, cujas fazendas, em Caxias, Tenório passou a administrar. Assim ele se instalou na região.

Tenório se impôs organizando e gerenciando a violência e oferecendo proteção, importantíssima para a população recém-chegada, carente de tudo, inclusive de segurança. Através de seus bons relacionamentos, casou-se com Walkíria Lomba, sobrinha-neta do coronel João Telles Bittencourt, prefeito do município de Iguaçu entre 1927 a 1929. E entrou então para a política e foi eleito vereador em 1936.




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