Por raphael.perucci

Paraty - A festa que fez de Paraty a capital mundial da literatura terminou no último domingo com uma certeza: nem só de livros e intelectuais vive a Flip. Muito pelo contrário. No caldeirão cultural em que a pequena cidade do Sul Fluminense se transforma, as "Marias Prefácio" chamam a atenção tanto quanto os grandes autores.

Menos presentes que as “irmãs” Gasolina (fãs de quem tem carro), Chuteira (de jogadores de futebol) e Tatame (de lutadores), as "Marias Prefácio" fazem da Flip o seu campo de jogo. E nele não tem bola fora.

À noite, em meio a artistas de rua, doses industriais de cachaça artesanal e engolidores de fogo, elas incendeiam o imaginário de escritores, leitores e (por que não?) jornalistas com botas e cachecóis para encarar o frio de Paraty.

Edição de 2013 da Flip homenageou o escritor Graciliano RamosJoão Laet / Agência O Dia


Durante o dia, vestidos curtos na altura das coxas, decotados e soltos nos ombros mostrando mais do que deveriam (ou não) à procura do melhor livro – ou do melhor autor -, elas chamam a atenção e atraem os olhares até do mais discreto dos intelectuais.

“Um país decente é feito por escritores bêbados e "Marias Prefácio". Só elas são capazes de nos salvar do tédio das feiras literárias”, diverte-se o escritor cearense Xico Sá, 50 anos, maior especialista no assunto e que tem arrastado uma legião de fãs pelas ruas de Paraty.

Festa vara a madrugada no centro histórico

A badalação na Flip começava já no fim da manhã, tão logo se iniciam os debates. No vaivém entre stands, livrarias e cafés do Centro Histórico, a troca de olhares e, em seguidas, de convites para lançamentos de livros, coquetéis e festinhas dão o pontapé inicial para a azaração.

“A Flip é uma festa literária, né? E como toda festa, as pessoas param para discutir pontos em comum, se conhecerem. Um campo fértil para a sedução. Deu para entender?”, pergunta a espevitada poeta Bruna Beber, 29 anos, uma das atrações da festa, literalmente.

Criada na Baixada Fluminense e atualmente em São Paulo, ela faz o estilo que agrada a todos. Inteligente, descolada, cult, mas sem esquecer as raízes carioquíssimas do subúrbio. Como ela mesma diz, “um tamarindo. Doce e azedinha ao mesmo tempo”. Como se pode perceber, na Flip tem de tudo. Até literatura.

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