Rio - Mesmo tendo nascido sem os pés, o futebol é a brincadeira preferida de Gabriel Muniz, de 13 anos. Na hora em que a bola rola, as próteses ficam de lado, e Gabriel dribla as dificuldades e os adversários com a desenvoltura de um camisa 10. O sonho do jovem, nascido e criado em Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense, é assistir a um jogo do Brasil na Copa do Mundo.
Mãe do menino, a cabeleireira Sandra Muniz, 35, não teve condições de comprar um ingresso, que pode custar até R$ 1.980, no caso da final no Maracanã. “Primeiro que os ingressos começaram a ser vendidos na internet e eu nem sei mexer em computador. Segundo que não tenho condições financeiras para fazer com que meu filho assista a um jogo da Copa”, diz ela.
Desde que nasceu, Gabriel é criado pela mãe e pela avó, a costureira Maria Ruth, 65, no bairro Eldorado. Quem duvida que Gabriel ainda tenha chance de ver de perto a Seleção Canarinho não sabe que ele já cruzou o Oceano Atlântico em 2012 e bateu bola com os atletas do Barcelona, entre eles, Lionel Messi, então melhor jogador do mundo.
“Também treinei com o pessoal da minha idade, das divisões de base. Conheci o Daniel Alves, que é meu jogador preferido”, lembra ele, que começou a jogar aos oito anos. Perguntado sobre o episódio da banana – Daniel Alves comeu a fruta arremessada por um torcedor do time rival —, empolgou-se: “Foi muito legal! Não gosto de preconceito.” Há dois anos, o jovem recebeu o convite de uma emissora de TV brasileira para ir à Espanha conhecer o time catalão. A proposta foi imediatamente aceita pelo clube espanhol. “Adoraria ver um jogo do Brasil na Copa, mas não sei se dessa vez vou conseguir”, diz Gabriel, sem perder a esperança.
Campos, de acordo com o IBGE, é um dos municípios da Região Sudeste que mais investe em obras, o equivalente a R$ 1 milhão por dia. Entre as reformas voltadas à acessibilidade estão a construção de rampas e alargamento de portas para facilitar o acesso de deficientes a teatros, creches e escolas. Também foi colocada sinalização em autorrelevo nas calçadas da região central para alertar aos deficientes visuais a proximidade com a rua.
“Todos têm o direito de ir e vir. Investir em acessibilidade é importante para que os portadores de necessidades especiais não sejam excluídos de nenhum espaço público”, disse a prefeita Rosinha Garotinho. “Estamos construindo mais de 4.500 unidades habitacionais e 10% dessas casas populares são adaptadas a pessoas com necessidades especiais”, completou.