Por adriano.araujo

Rio - A Fábrica do Conhecimento figura em qualquer lista dos mais incríveis prédios fluminenses. Inaugurada com alvará da Princesa Isabel em 1871, a fábrica têxtil Brasil Industrial recebeu visitas do próprio Dom Pedro II. Em torno dela cresceram os povoados que formariam, só em 1953, o município de Paracambi. Fechou as portas em 1984, e a partir de 2001 o prédio foi destinado à mais nobre das missões: educar.

Ainda mais bela do que este colosso em estilo inglês, tombado pelo Inepac, é a história das vidas construídas entre suas paredes robustas e avermelhadas. Nove mil alunos passam por ano pelas unidades escolares e culturais dos governos federal, estadual e municipal, que dividem as instalações. A Faetec, federal, é o principal mantenedor. No primeiro ano do projeto, apenas dois alunos de Paracambi entraram nos seletos cursos técnicos da Faetec. A prefeitura lançou então o Pré-Técnico, um nono ano do Ensino Fundamental, para mudar o jogo. E mudou muito. A média atual é de 70 a 80 paracambienses entre as 120 vagas federais. O esforço foi fundamental para que, apesar de seus recursos humildes, a cidade alcançasse o quinto lugar do estado no Ideb. Um orgulho.

Só o prédio principal da Fábrica do Conhecimento tem 4 mil metros quadrados%3A aluno que não acaba maisAziz Filho / Agência O Dia

A migração de trabalhadores de Minas Gerais para a indústria têxtil durante um século tornou Paracambi a cidade com maior percentual de mineiros no Rio. Entre eles estavam os pais do prefeito Tarciso Gonçalves Pessoa. Jovens, se conheceram na fábrica, casaram-se e tiveram três filhos, operários. Tarciso diz que trabalhou na Brasil Industrial aos 14 anos. Hoje, tem 53. A filha estuda balé na Fábrica do Conhecimento, com colegas de todas as classes sociais.

“Antes o operário só entrava para trabalhar, e hoje vai estudar e se divertir no Festival de Cinema ou no Teatro Multimídia. Temos uma fábrica de igualdades”, define o prefeito. No local fica ainda a sede do Clube de Futebol Brasil Industrial, que fez 102 anos neste sábado.

O turista que visitar a construção terá outro passeio obrigatório para fazer em Paracambi em pouco tempo. Está para ser lançada a licitação para o Parque Municipal do Curió, imensa área de Mata Atlântica colada à fábrica. Terá pousada, restaurante e trilhas com placas para cachoeiras. Sabe nada quem pensa que turismo não combina com Baixada Fluminense.

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