Por daniela.lima

Rio - A prática de tortura e de perseguição a militantes políticos durante o regime militar em Volta Redonda está sob a mira da Justiça. O Ministério Público Federal instaurou inquérito civil público para apurar a responsabilidade do Estado sobre as violações dos direitos humanos no período. A decisão foi tomada após reunião do MPF com a Comissão da Verdade Dom Waldyr Calheiros, que vai completar um ano em setembro. 

Exposição itinerante na cidade apresenta os resultados do levantamento desenvolvido há quase um anoDivulgação


Até agora, a comissão já tomou 26 depoimentos, sendo que 19 deles foram prestados por pessoas que teriam sofrido diretamente os efeitos da repressão. O relatório parcial aponta a perseguição sofrida por operários da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) que se opunham ao regime, além de práticas de tortura e ocultação de cadáveres no 1º Batalhão de Infantaria Blindada (1º BIB), em Barra Mansa. O município de Volta Redonda era definido como área de segurança nacional entre 1973 e 1985, devido à importância econômica da produção da CSN, que ainda era uma empresa estatal.

Uma das primeiras medidas do inquérito foi um ofício à presidência da companhia, para que encaminhe a documentação que dispõe em seu acervo referente ao período entre 18 de setembro de 1946 e 5 de outubro de 1988. Para o procurador da República Julio José Araujo Junior, responsável pelo inquérito, esclarecer e apurar os fatos narrados garantirão o direito à verdade e à justiça, além de permitir que se reescreva a história de modo a superar violações que perduram até hoje.

A Comissão da Verdade de Volta Redonda já colheu 41 testemunhos, totalizando mais de 200 horas de gravação. Um pesquisador se debruçou sobre a repressão aos militantes católicos em 1967, o indiciamento de 13 padres, incluindo Dom Waldyr Calheiros, e as prisões e demissões de funcionários da CSN. Também foram ouvidos parentes de alguns dos 77 sindicalistas presos ilegalmente e demitidos no Inquérito Policial Militar de 1977.

ITINERANTE

Mostra revela descobertas

A Comissão da Verdade de Volta Redonda lançou a mostra ‘Caravana da Verdade — As Graves Violações de Direitos Humanos na Ditadura Militar em Volta Redonda’, uma exposição de painéis mostrando o que já foi feito em 10 meses de trabalho. A expectativa é que essa mostra, com fotos e trechos de depoimentos, além de dados relativos à repressão na cidade, possa percorrer diversos pontos da cidade. 

A mostra itinerante está agora na UFF de Volta Redonda e, no dia 19, segue para o Centro Universitário Geraldo Di Biase (Centro UGB). Na inauguração da exposição, foi lançado um abaixo assinado para que se encaminhe um projeto de lei para a troca do nome da Ponte Presidente Médici. A sugestão é que passe a ser chamada Ponte Dom Waldyr Calheiros. A coleta das assinaturas será feita até dia 30 de novembro, data da morte do religioso.

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