Por thiago.antunes

Rio - O Estado do Rio é o segundo maior mercado consumidor de alimentos do país, mas ainda produz pouco para atender toda essa demanda.Apesar disso, a agroindústria fluminense está em expansão. No ano passado, o setor movimentou R$ 1,3 bilhão e apresenta um crescimento de 16% desde 2008.

Cerca de 1.200 estabelecimentos já empregam 32.909 pessoas, com destaque para as cidades de Petrópolis, na Região Serrana, com 67 pontos, e Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense, com 54, perdendo apenas para a capital, que possui 293 indústrias no setor.

Os dados fazem parte do estudo “Retrato das Agroindústrias no Estado do Rio de Janeiro”, produzido pelo Sistema Firjan. “Identificamos que entre 2008 e 2013 houve abertura de empresas em 19 dos 29 segmentos pesquisados. Em relação ao mercado de trabalho, também houve expansão de 9% em cinco anos”, avaliou William Figueiredo, especialista da Gerência de Economia e Estatística da Firjan.

À frente da Coco Legal%2C de Cachoeiras de Macacu%2C Fábio Lewin viu a sua produção de água de coco saltar de mil para 60 mil litros por mês Divulgação

Apesar da expansão nos números de empregos e de estabelecimentos, o saldo comercial da agroindústria fluminense ainda é negativo. Em 2013 foram exportados US$ 43 milhões, mas importados oito vezes mais (US$ 346 milhões). A pesquisa mostrou que o mercado é dominado pelas microempresas: são 946 (79,6%), com até 19 empregados. As pequenas, de 20 a 99 empregados, somam 186 (15,7%). Foram identificadas 48 médias empresas (4%), de 100 a 499 funcionários, e apenas oito grandes (0,7%), com mais de 500 empregados.

O setor cresce no estado graças também a incentivos como o programa Prosperar, que já investiu mais de R$ 6,2 milhões para financiar a ampliação e adequação sanitária das instalações de agroindústrias familiares, além da capacitação de técnicos e produtores. O projeto oferece crédito com juros de 2% ao ano e condições especiais para pagamento.

Felipe Falcão%2C também de Cachoeiras de Macacu%2C já comercializa doces para as regiões dos Lagos e SerranaDivulgação

Nos últimos oito anos, mais de 200 agroindústrias foram beneficiadas pelo programa, desenvolvido pela da Secretaria Estadual de Agricultura e Pecuária. O produtor Fábio Lewin, da agroindústria Coco Legal, em Cachoeiras de Macacu, na Região Metropolitana, iniciou sua produção, em 2002, com apenas mil litros/mês. Atualmente, o empreendimento produz 60 mil litros de água de coco por mês. “Comecei sem investimento nenhum até conhecer o Prosperar”, diz ele, que também participa de eventos, com o objetivo de divulgar e comercializar seus produtos.

Eventos ajudam a trazer novos clientes para produdores

Empreendimentos nos setores de laticínios, mel e derivados, doces, café, cachaça e água de coco são os mais favorecidos com os recursos do Prosperar. O programa incentiva a participação de pequenos produtores em eventos gastronômicos e feiras. A aproximação com os canais de comercialização ajuda produtores a aumentarem seus lucros.

Para Marta de Abranches%2C de Lumiar%2C rodadas de negócios são atrativoDivulgação

Proprietária de uma pequena fábrica de produtos em conserva de Lumiar, em Nova Friburgo, na Região Serrana, Marta de Abranches participou de rodadas de negócios de eventos de gastronomia, onde foi sondada por duas redes de restaurantes cariocas. “Vendemos em três dias de feira o que levamos normalmente sete dias para comercializar. Estamos tão empolgados que vamos ampliar a produção e levar também fubá branco e feijão manteiga para oferecer ao público”, disse.

Dono de uma agroindústria familiar onde produz goiaba, goiabada e polpas, o produtor Felipe Falcão, de Cachoeiras de Macacu, já tem mercado nas regiões Serrana e dos Lagos. “Agora, estou expandindo para a cidade do Rio”, conta.

Cartilha traz dicas sobre regularização

A pesquisa da Firjan levou em conta 29 das 31 atividades de fabricação de produtos alimentícios da Classificação Nacional de Atividade Econômica (CNAE), com exceção de panificação e fabricação de pratos prontos. No Norte Fluminense, o PIB em 2013 ficou em R$ 44 milhões, o que representa 3,5% do estado. São 104 estabelecimentos que empregam 1.532 trabalhadores.

De acordo com a Secretaria Estadual de Agricultura, entre os produtos com maior visibilidade na agroindústria de base familiar no estado estão o café, a cachaça, a produção de doces, compotas, geleias e laticínios. “A agroindústria familiar fluminense vem se firmando pelo padrão de qualidade e por apresentar, como diferencial, uma convivência harmoniosa com o meio ambiente”, afirmou o secretário Alberto Mofati.

A Firjan também acaba de lançar uma cartilha sobre regularização sanitária das agroindústrias, com orientações aos empreendedores para adequação sanitária de suas unidades de produção, como licenças, alvarás e registros. Pesquisa feira em 2011 mostrou que a maioria dos estabelecimentos não tinha conhecimento de diversos aspectos da legislação.

Com base nas principais dúvidas dos empresários, a cartilha esclarece sobre tipos de empreendimentos e seus respectivos enquadramentos sanitários, registro da unidade agroindustrial, registro dos produtos, rotulagem de alimentos e boas práticas de fabricação.

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