Por thiago.antunes

Rio - Seropédica, na Baixada Fluminense, é famosa por abrigar a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), mas a cidade está deixando de lado a característica agrária e se transformando, cada vez mais, em um polo de atração de grandes indústrias. No total, 17 empreendimentos se instalaram no município desde 2010.

Algumas já estão operando — caso da P&G e Panco —; outras, estão em processo de construção, como a Brasilit e a Falmec, e a Casas Bahia e a Votorantim Cimentos S.A., em processo de licitação. No total, serão gerados quase 20 mil empregos diretos e indiretos. O investimento total será de aproximadamente R$ 2,5 bilhões. A prefeitura avalia que, com a chegada desses empreendimentos, a população, que hoje é de 81 mil habitantes, deve aumentar para 300 mil em dez anos.

A Brasilit comprou um terreno de 100 mil metros quadrados no Complexo Industrial do município%3A “Arco foi decisivo”%2C diz Nelson de OliveiraDaniel Castelo Branco / Agência O Dia

“A cidade está crescendo muito. Estamos fechando vários contratos para trazer grandes empresas para o município. Com isso, haverá um aumento da arrecadação e todos vão ganhar”, disse o prefeito Fernando Martinazzo (PSB). A 71 quilômetros do Rio, a cidade se beneficia das vantagens de sua localização para atrair negócios, principalmente no setor de logística. Outra vantagem é o recém-criado Arco Metropolitano, que passa pelo município. “Com a conclusão das obras, as empresas foram atraídas para cá.

As cidades do entorno do Arco não têm mais para onde crescer, mas Seropédica possui muito espaço. Outra vantagem é que o município é plano. Isso facilita. Além disso, estamos fazendo 125 quilômetros de asfalto e esgoto”, revelou o subsecretário municipal de Indústria e Comércio, Fabio Cavalcante. Algumas empresas já estão se instalando no Complexo Industrial do município. A Brasilit, por exemplo, comprou um terreno de 100 mil metros quadrados para construir sua fábrica.

“Tínhamos pouca penetração no Estado do Rio pela distância. O Arco foi decisivo na questão de logística para virmos para cá. Agora vamos atender o Rio, Minas Gerais e Espírito Santo. Questões como tempo e dinheiro são essenciais. Vamos contratar muita gente da região”, frisou o engenheiro responsável pela obra, Nelson de Oliveira, de 46 anos.

Facilidades logísticas garantidas pelo Arco Metropolitano que corta a cidade têm atraído investimentosDaniel Castelo Branco / Agência O Dia

Com a abertura da Faetec, em março deste ano, muitos profissionais da região deverão ser qualificados para atuar como mão de obra nas novas empresas. “A parte operacional dessas indústrias basicamente será composta por pessoas da região que vamos capacitar na Faetec”, disse o subsecretário.

Associação teme falta de infraestrutura

O salto de desenvolvimento ainda é visto com desconfiança pelo empresariado local. O presidente da Associação Comercial, Industrial e Agropastoril de Seropédica (Aciaps), Adriano Amaral, acredita que a chegada de novas empresas é muito positiva, caso a cidade se prepare com infraestrutura para recebê-las.

“Todos temos uma grande aceitação quanto à vinda das indústrias para cá. Mas vimos casos em que o município não se adequou em termos de estrutura e a população nada ganhou. Itaguaí é um exemplo disso. Aqui também falta resolver problemas de luz e internet que são precárias”, afirmou.

Amaral ressaltou que a associação está se preparando para atender essas empresas. “Trabalhamos para formalizar todo o comércio e instruir os empresários. Queremos que eles aproveitem essa oportunidade. Estamos formando um banco de negócios, pois as indústrias vão ter uma demanda de produtos e temos que estar capacitados”, completou. Amaral espera a qualificação da mão de obra local para atuar nos novos negócios. “O que não pode é trazer todo o efetivo de trabalho de fora. Tem que haver uma ação conjunta: a população entender esse momento propício para se desenvolver e despertar para o potencial que será criado aqui”, concluiu.

Grupo japonês estuda instalar 16 fábricas na região, antecipa secretário

O secretário de Planejamento, Manuel Bulhosa, contou que um grupo japonês quer montar 16 fábricas e está especulando terrenos em Seropédica e Itaguaí. Cerca de dois mil empregos serão gerados nessas indústrias. “Haverá fábrica de plástico, telefonia, roupa, material de LED, papel e caneta. Vamos conversar para ver qual área da cidade que se encaixa no perfil desses setores”, disse. Bulhosa explicou por que os japoneses pretendem se instalar na região. “Eles acham que fabricando aqui, vai sair mais barato. Trazer o produto de lá é mais caro”.

Juntas, as novas empresas que já anunciaram investimentos ou estão em fase de implantação vão gerar 10.247 empregos diretos e 9.485 empregos indiretos, totalizando 19.732 oportunidades de trabalho aos moradores de Seropédica. A P&G já está apta a iniciar o processo de produção e a Brasilit iniciará suas atividades a partir de abril de 2015. Juntos, os dois empreendimentos vão gerar 3.327 empregos diretos e 5.885 indiretos.

A cidade também está recebendo investimentos de empresas de logística, como a Autonomy Investimentos, a VBI Real State 10 Empreendimentos e Participações Ltda, a Redefin SPE Empreendimentos e Participações Ltda e a Casas Bahia, que irão gerar mais 6.920 empregos diretos e 3.600 indiretos. Outras empresas que já atuavam na cidade estão ampliando suas instalações, como a Cassol Pré-Fabricados e a Panco (indústria de alimentos). Já estão instaladas também Falmec, Pavi do Brasil, Vallourec & Sumitomo Tubos do Brasil (VSB), Sociedade Fluminense de Energia – SFE (UTE Barbosa Lima Sobrinho) e Petrobras – UTE Baixada Fluminense.

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