Rio - O Hospital Municipal Desembargador Leal Junior, em Itaboraí, conta com uma inusitada "junta médica" para ajudar no tratamento dos pacientes internados. Uma equipe formada por 14 palhaços doutores usa a alegria como terapia para melhorar a recuperação das crianças e adultos doentes e humanizar o ambiente hospitalar. O objetivo é transformar a dor e a tristeza em sorriso e diversão por meio da magia do circo, proporcionando momentos de descontração para os hospitalizados, familiares e funcionários que trabalham na unidade de saúde.
O trabalho acontece desde junho deste ano no hospital municipal, de forma voluntária. Vestidos de médicos, três grupos de artistas - “Trupe Dá Alegria”, “+Sorriso” e “Sementes da Alegria” - todos moradores de Itaboraí, se revezam nas tardes de sábado para entrar em cena, ou melhor, nas enfermarias, salas e corredores do hospital, realizando brincadeiras com os pacientes e familiares, além de levar canções e contar muitas histórias e piadas.

Para a diarista Lucimar da Rocha, 43 anos, que estava com o filho Gabriel da Rocha Muniz, 7 anos, a presença dos palhaços foi uma surpresa. O menino, que havia sido operado para retirada de um cisto bronquial, riu tanto que até se esqueceu das dores durante a sua recuperação. “Meu filho foi bem atendido, e ainda teve motivos a mais para sorrir com os palhaços e as brincadeiras. Acho que agora a recuperação dele vai ser mais rápida, pois a alegria também é um santo remédio”, disse.
Para a paciente Iolanda Cordeiro Campos, 43 anos, internada há duas semanas, a visita alegrou o ambiente.“Eles conversam, brincam e fazem a gente esquecer um pouco da dor. É um trabalho muito bonito”, afirmou.
A inspiração para realizar o trabalho vem do consagrado grupo “Doutores da Alegria”, que desde 1991 trabalha a arte da palhaçaria em hospitais públicos no Brasil. A atriz Dayane Franco, que se transforma na doutora Matraca, da “Trupe Dá Alegria”, é formada pelo grupo, onde aprendeu sobre a abordagem artista–paciente, caracterização de figurino e maquiagem, além de técnicas com malabares. Ela acredita que as pessoas precisam de cuidados, mas também de bom humor ou apenas de um sorriso.
“A essência do nosso trabalho é utilizar a caracterização do palhaço, que brinca de ser médico e permite um pouco de diversão. Temos cuidado no modo de intervir na rotina hospitalar. Estamos aqui para ajudar na recuperação e autoestima dos pacientes através da música, de uma palavra ou de um sorriso. Trabalhamos com muita responsabilidade para que a visita seja uma experiência artística que inspire otimismo e esperança. Sentimos um ambiente agradável, e os pacientes aproveitam nossa visita para descontrair e até cantar. Se a gente fizer alguém rir de nossas palhaçadas, nossa missão está cumprida”, explica Dayane.
As apresentações têm surtido o efeito desejado. Para o diretor geral do Hospital Municipal de Itaboraí, Marcos Souza, a atuação dos palhaços já mudou a rotina do unidade e auxilia na recuperação dos pacientes.
“É normal vivenciar momentos de preocupação nos hospitais, devido ao uso de remédios, realização de exames, mas esta ação acaba afetando a todos, desde os médicos, enfermeiros, enfim, a equipe de profissionais da unidade com os usuários. Eles começaram o trabalho só com as crianças, mas já ampliaram para a ala adulta. Os pacientes da terceira idade adoram os palhaços e ficam na expectativa da visita. Está sendo uma experiência muito positiva. Alguns até já pedem a presença deles”, enfatizou.