Por karilayn.areias

Rio - Um palhaço, um trapézio, contorcionistas, acrobatas e equilibristas que fazem parte do Circo De La Costa em Itaboraí podem se tornar reconhecidos em todo o estado. O grupo se candidatou na seleção do edital de Pontos de Culturas, mais uma etapa do projeto do Programa Cultura Viva, do Ministério da Cultura (MinC), oferecido pela Secretaria Estadual de Cultura (SEC). Ao todo, 196 pontos de cultura já foram escolhidos e restam 34 vagas.

Comandado por Maria Alice%2C grupo Bordando o Futuro%2C de Itaperuna%2C conquistou visibilidade desde 2010Divulgação

A inscrição no edital termina hoje — até agora se inscreveram 90 entidades e grupos que promovem atividades culturais e artísticas no interior. Cada um receberá R$ 180 mil ao longo de três anos, sendo 60 mil por ano, para a realização de cursos e oficinas, produção de espetáculos e eventos culturais, compra de equipamentos e outras ações. Os selecionados passam a fazer parte da Rede Nacional de Pontos de Cultura, tendo, assim, contato com iniciativas culturais de todo o país.

O edital prevê 24 cidades prioritárias, que ainda não têm nenhum ponto de cultura registrado, como Armação dos Búzios, Bom Jesus do Itabapoana, Conceição de Macabu, Engenheiro Paulo de Frontin, Itatiaia, Laje do Muriaé, Mendes, Nilópolis, Rio das Ostras, São Fidélis, Seropédica,Trajano de Moraes e Varre-Sai.
Lançado em 2008, o edital selecionaria 150 projetos no estado, mas, devido ao recorde de 715 inscrições, à participação de 85 dos 92 municípios e à rica diversidade cultural dos grupos inscritos no processo, o MinC e a SEC decidiram contemplar mais 80 pontos, 46 já escolhidos. O investimento do projeto gira em torno de R$ 41,5 milhões.

Um dos pontos de cultura já selecionados em outro edital é o Bordando o Futuro, de Itaperuna, escola que se destaca na região Noroeste Fluminense pelo número de bordadeiras formadas — já foram 300. Segundo a presidente do grupo, a aposentada Maria Alice França, de 75 anos, eles foram selecionados em um edital de 2010 e, graças ao apoio oficial que se estendeu até o ano passado, o Bordando o Futuro ofereceu até hoje oportunidade de aprendizado a várias pessoas da comunidade.

“Eu penso que não estou vivendo aqui para nada. Aprendi que precisava deixar algo para as próximas gerações. Desde 2005 eu ensinava mulheres da comunidade a bordar, de forma voluntária. Com a ajuda financeira, comprei o material e implementei o curso. O projeto teve um impulso incrível. Com certeza, já é um sonho realizado. O próximo passo agora é buscar patrocínio para crescermos ainda mais”, completou.

Reconhecimento a grupos já existentes

O objetivo do edital é reconhecer instituições da sociedade, sem fins lucrativos, que tenham um mínimo de três anos de atuação no campo da cultura, em áreas que abrangem desde as culturas populares (como artesanato e tradição oral) a expressões artísticas (como circo e literatura), passando por Pensamento e Memória e Patrimônio Material.

De acordo com Fernanda Buarque, coordenadora de Diversidade Cultural da Secretaria de Estado de Cultura e responsável pelo projeto, o edital é uma forma de reconhecimento aos grupos que já existem nas cidades.

“Um edital como este possibilita destinar recursos a projetos culturais fora da capital e da Região Metropolitana. Além disso, uma instituição que passa a ser reconhecida como ponto de cultura torna-se mais valorizada pela comunidade local, tem mais possibilidade de receber investimentos e patrocínios, o que muitas vezes resulta em visibilidade para determinadas cidades ainda não mapeadas no cenário cultural e turístico do estado”, disse.

Em Itaboraí, segundo a Fundação Cultural da cidade, além do Circo De La Costa, se inscreveram no edital para seleção de novos pontos de cultura a Amunci (Associação Musical Nova Cidade) e a Associação Tubenganga, que promovem cultura popular, cultura afro, circo, teatro, música e culturas urbanas.

Reportagem de Vinícius Amparo

Você pode gostar