Por thiago.antunes
Rio - Assistir a um filme no escurinho do cinema é privilégio de poucos moradores no Estado do Rio. Apenas 28 das 92 cidades possuem salas de projeção. Enquanto a capital concentra 44 cinemas, com 199 salas — perdendo apenas para São Paulo, que concentra 45 cinemas e 295 salas — em 64 municípios fluminenses quem quiser assistir a um filme numa telona tem que viajar pelo menos alguns quilômetros.
Para comer pipoca e ver o filme preferido, o casal de namorados Cristian Sales e Laylla Martins — ele morador de Rio Bonito, ela, de Tanguá — tem que percorrer 59 quilômetros até Niterói.
“Quando a gente quer ir ao cinema, assistir a algum filme legal, a gente vai para Niterói. O problema é que temos de fazer uma viagem muito grande, é mais ou menos uma hora e meia do nosso dia para ir até lá, ver um filme e voltar”, disse Laylla.
Laylla e Cristian reclamam da falta de opções de entretenimento onde moram - Tanguá e Rio Bonito. Cinema%2C eles só encontram em NiteróiDaniel Castelo Branco / Agência O Dia

A conta dos órfãos da sétima arte no estado vai diminuir em breve. A vizinha cidade de Itaboraí ganhará cinco salas de cinema no Shopping Itaboraí Plaza, que atenderão a um público estimado em 1,3 mil pessoas. A inauguração está prevista para fevereiro de 2015. Outras oito cidades do estado receberão salas de cinema este ano: Cordeiro, São Fidélis, Saquarema, Rio Bonito, São Pedro da Aldeia, Bom Jardim, Miracema e Seropédica. Os municípios foram selecionados no projeto ‘Cinema da Cidade’, criado pela Secretaria de Estado de Cultura para ampliar o parque exibidor no Rio.

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O projeto é destinado a construção, reforma e implantação de salas de cinema. O objetivo é implantar salas de exibição em cidades de pequeno e médio porte que não contam com cinemas em funcionamento.

A seleção dos municípios obedece a critérios como distribuição regional, relevância do município ou da localidade como centro regional e seu nível de atratividade econômica, concentração de demanda pelo equipamento; número de habitantes do município e região do entorno e características socioeconômicas da população atingida. O projeto tem como foco a inclusão de consumidores da classe C e das cidades do interior, bem como a expansão e a descentralização da atividade de exibição cinematográfica.

Cine em Cena Brasil%3A Via Lagos leva a telona para onde não há cinemaDaniel Castelo Branco / Agência O Dia

Diante da falta de cinemas nas cidades do interior, empresas da iniciativa privada tem promovido ações junto às comunidades. A CCR Via Lagos, por exemplo, mantém o Projeto Cine em Cena Brasil, que leva cinema itinerante a diversas cidades da Região dos Lagos. De acordo com a empresa, mais de um milhão e meio de pessoas já passaram pelas salas do projeto, que traz 225 lugares com cadeiras estofadas, ar condicionado, tela de 26 metros quadrados, sistema de som, projeção de 35 milímetros e uma novidade: a projeção de filmes também em 3D.

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Cidade sofre sem atrações
Morador de Rio Bonito e frequentador de Tanguá, Cristian Sales critica não só a falta de cinema, mas de opções entretenimento na região. “Não tem nada para fazer por aqui nem nas cidades vizinhas. Com a construção do novo shopping de Itaboraí, a gente espera que, enfim, chegue o cinema e que essa moda pegue e venha para cá também”, diz ele.
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Cristian diz que, além de cinema, faltam casas de shows ou de atrações, como boliche. “De vez em quando, em alguns fins de semana, a gente busca vir aqui na pracinha de Tanguá alguma coisa para fazer, algum divertimento, mas infelizmente só encontramos batata e hambúrguer, e mais nada”, garante ele.
Segundo o secretário de Cultura do município, Felippe Monteiro, a cidade tem participado do projeto da Secretaria de Estado de Cultura para concorrer às salas de cinemas.
A cidade já foi palco de diversas apresentações. “Participamos do edital da secretaria duas vezes, mas até agora nada. Levamos peças, contemplando vários estudantes da rede municipal de ensino. Em dois anos de governo municipal, promovemos diversos eventos e trouxemos inúmeros artistas, como Péricles, Dudu Nobre, Martinália, com a participação de músicos e bandas locais. Dentro do que nos é permitido, não temos medido esforços para promover atividades que divirtam as pessoas do nosso município”, disse o secretário.
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Reportagem de Vinicius Amparo