Por nicolas.satriano
Rio - O corte e poda de eucaliptos e árvores centenárias no Centro de Nova Friburgo está causando polêmica há pelo menos duas semanas. Para impedir a continuidade do serviço na Praça Getúlio Vargas, tombada pelo patrimônio histórico nacional, manifestantes realizam protestos, amarrando-se às árvores. Ontem, a Polícia Militar teve de ser acionada para conter um grupo de 12 manifestantes e uma mulher foi detida. Enquanto isso, outro grupo, a favor da derrubada, pedia a conclusão do serviço.

A atividade teve de ser interrompida durante duas horas. Após a chegada da PM, os ativistas foram avisados do risco e saíram da área isolada. Uma mulher permaneceu e acabou detida. Na 151ª DP (Nova Friburgo), ela foi autuada por resistência e desobediência e foi liberada. Apesar dos conflitos diários no local, a Secretaria da Defesa Civil pretende retomar os trabalhos a partir desta quarta-feira.

Página ‘Nova Friburgo%2C cidade das árvores assassinadas’ mostra podaReprodução

"As pessoas estão impedindo a secretaria de fazer seu trabalho, que é minimizar riscos à vida delas próprias. Fica difícil agir assim. Desde 2012 já caíram cinco árvores e dois galhos. A gente fez um estudo técnico, constatou que alguma medida deveria ser tomada, só que as pessoas não querem deixar nos deixar trabalhar”, comentou o secretário, de Defesa Civil, coronel João Paulo Mori, ao admitir que a situação ficou complicada.

A jornalista Sheila Santiago, de 50 anos, uma das líderes do movimento contra a derrubada das árvores, que chamam de “assassinato”, diz esperar que a manutenção da praça não ocorra de forma desordenada. “A gente esperava um trabalho de reparo, não uma devastação. A prefeitura está fazendo cortes absurdos. É um crime ambiental. Não estão cortando apenas as árvores em estado ruim, as boas também. Já estamos com quase duas mil assinaturas e vamos continuar a luta”, disse ela, que pretende levar o caso ao Ministério Público Federal. O grupo criou uma página no Facebook — ”Nova Friburgo, cidade das árvores assassinadas”, para denunciar.

A prefeitura alega que o corte de 40 árvores e poda de outros 44 eucaliptos foram indicados por estudo técnico da Universidade Estácio de Sá. O Instituto do Patrimônio Artístico Nacional (Iphan) aprovou o serviço, apresentando laudo de 2010 do Ibama que sugere o corte radical de até 108 árvores e a poda de outras 35. Em nota, o Iphan informou que o projeto também tem o objetivo de “valorizar a identidade cultural da comunidade friburguense”.
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Reportagem de Vinícius Amparo